A pureza dispõe o intelecto, como espelho limpo, a receber luz abundante de Deus.

‘ANTES DA ORAÇÃO PREPARA A TUA ALMA, E NÃO SEJAS COMO QUEM TENTA A DEUS’
(Eclesiástico 18, 23)


EMENTA - Se, quando te apresentas diante de uma pessoa de respeito, preparas bem o que deves dizer, por que não deverias agir assim, e com muito maior respeito ainda, quando te apresentas diante de Deus?
‘Não digas nada inconsideradamente, nem o teu coração se apresse a proferir palavras diante de Deus’ (Eclesiastes 5, 1).
A pureza dispõe o intelecto, como espelho terso [limpo], a receber luz abundante de Deus. A mortificação dispõe a vontade, como um vaso vazio para receber abundantemente aqueles gozos espirituais que Deus nega a quem não lhe sacrifica os prazeres dos sentidos.
Procura descobrir qual o defeito que mais te domina, qual é a dívida que mais te obriga, e dirige a oração em tal sentido. Como te enganarias não fazendo esse estudo contínuo sobre ti mesmo!
‘Não te envergonhes de conservar-te justo até a morte’ (Ecles. 18, 22).
Se não és daqueles poucos que têm sempre o coração aceso de amor atual para com o Senhor, deves apresentar ao teu coração alguma coisa para despertá-lo, para pôr-te em oração porque a oração não consiste no hábito, mas no ato.
É, pois, claro que antes de pôr-te em oração, deves ter idéias claras e bem estabelecidas acerca do sentido e do fim de tua oração.
*** *** ***



I - Há dois modos de tentar a Deus: um expresso, outro tácito.
O expresso seria se o homem deixasse de fazer o que deve de sua parte, para ver até onde chegará a piedade, a ciência, o poder de seu Senhor em socorrê-lo.
O tácito seria se o homem não tivesse por fim direto de sua negligência tentar a Deus, mas proceder de fato como se a tivesse. É muito raro que alguém deixe de se preparar para a oração com a intenção expressa de tentar a Deus, isto é, que o faça para ver (‘testar’) se Deus, mesmo assim, lhe comunica igualmente luzes internas. Por isso o nosso texto não diz diretamente: ‘e não tentes a Deus’; mas não é raro que haja quem deixa de preparar-se [para a oração], exigindo praticamente de Deus a mesma coisa, mesmo sem a querer diretamente. Por isso o nosso texto diz mais diretamente: ‘e não sejas como o homem que tenta a Deus’. Aqui, pois, se trata de um tentar tácito, implícito ou interpretativo.
Com efeito, o que fazes realmente quando chegas à presença divina, sem nenhuma preparação, senão confiar inteiramente na ventura [no acaso]? Deus quer que, mesmo na oração, não deixes de fazer tudo o que podem as tuas forças. Não te admires se na oração te encontres árido, distraído. A culpa é tua. Em vez de fazer como muitos, que se preparam convenientemente, tu não cuidas da preparação — ou por distração ou por não tê-la nunca aprendido. Todavia te persuades de que Deus estará presente e corresponderá à tua oração. Não é uma espécie de presunção?
Se, quando te apresentas diante de uma pessoa de respeito, preparas bem o que deves dizer, por que não deverias agir assim, e com muito maior respeito ainda, quando te apresentas diante de Deus?
‘Não digas nada inconsideradamente, nem o teu coração se apresse a proferir palavras diante de Deus’ (Eclesiastes 5, 1).

II- Há dois modos de preparação para a oração: um próximo, outro remoto.
A preparação remota é a vida pura e mortificada. A pureza dispõe o intelecto, como espelho terso [limpo], a receber luz abundante de Deus. A mortificação dispõe a vontade, como um vaso vazio para receber abundantemente aqueles gozos espirituais que Deus nega a quem não lhe sacrifica os prazeres dos sentidos.
A preparação próxima é retirar-se, recolher-se, é preestabelecer o que se quer pedir a Deus, como ensinam os Santos. É especialmente a esse respeito que adverte o Autor Sagrado: ‘Antes da oração, prepara a tua alma e não sejas como quem tenta a Deus’.
Não é, por ventura, tentar a Deus pôr-te em oração, como uma barca sem piloto, sem leme, sem equipamento, se faz ao mar, ao capricho e à mercê dos ventos? E se o vento não soprar? Tu pretendes que o vento sopre justamente na direção que desejas!
Queres obrigar a Deus a fazer um milagre! Procura descobrir qual o defeito que mais te domina, qual é a dívida que mais te obriga, e dirige a oração em tal sentido. Como te enganarias não fazendo esse estudo contínuo sobre ti mesmo!
‘Não te envergonhes de conservar-te justo até a morte’ (Ecles. 18, 22). E, imediatamente depois destas palavras, vêm as da meditação de hoje: ‘Antes da oração, prepara a tua alma’ — como que indicando que tanto deverás preparar-te para a oração quando poderá ainda durar a luta da tua justificação [salvação eterna].

III- Pode acontecer de pensar que estás sempre preparado para a oração, e então não tens necessidade do conselho que estamos meditando. Procura, então, que a tua disposição seja real, como a crês.
Há alguns que na oração estão duros e imóveis como pedras, sem fazer nada. Certamente que poderemos estar prontos continuamente para esse tipo de oração. Contudo, podes estar satisfeito com isso?
Na oração deves chegar a exercitar, como fizeram os Santos, todas as suas potências em honra de Deus. Se não és daqueles poucos que têm sempre o coração aceso de amor atual para com o Senhor, deves apresentar ao teu coração alguma coisa para despertá-lo, para pôr-te em oração porque a oração não consiste no hábito, mas no ato.
O texto que tu meditas é exigente. Quer que vás rezar evitando que sejas daqueles que parecem tentar a Deus. Portanto, exige que sejam usados todos os meios idôneos para evitart isso. E parece-te que em certa medida não queiras tentar a Deus, quando te apresentas diante dEle sem teres pensado nem mesmo uma mínima coisa de quanto deves tratar com Ele? Dirás que basta pdir-lhe alguma coisa em geral? Todavia, Jesus não te ensinou a fazer assim.
De fato, o cego de Jericó Lhe tinha gritado em termos gerais: ‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim’ (Mc 10, 47). Entretanto, Cristo convidou-o a descer ao particular, perguntando-lhe: ‘Que queres que eu te faça?’ (ib.). Assim nos ensinou a expor as nossas necessidades do modo mais preciso.
‘Mestre, que eu veja”’ (Ib.).

IV- É, pois, claro que antes de pôr-te em oração, deves ter idéias claras e bem estabelecidas acerca do sentido e do fim de tua oração. Isso não tira a liberdade de variar, no decurso da oração, as tuas petições, quando se apresentam a ocasião e a inspiração. O Autor sagrado quer só que ‘não sejas como quem tenta a Deus’.
Dois são os excessos em matéria de oração: não fixar-se nenhum fim, quando vais rezar; ou fixar-se algo com tanta rigidez que disso não te apartes, tolhendo-te toda liberdade. Devem evitar-se os dois extremos.
Pode também acontecer que, mesmo sem nenhuma preparação, a oração te saia bem. Contudo, certamente te sairia muito melhor se te preparasses para ela convenientemente. Os remédios podem às vezes fazer bem, mesmo quando tomados ao acaso. No entanto, afinal de contas, os que são deveras salutares são aqueles que são tomados com método: ‘A ciência do médico exaltará a sua cabeça’ (Ecli 38, 3).


(TEMAS BÍBLICOS PARA A MEDITAÇÃO DE TODOS OS DIAS – Padre Paulo SÉGNERI, SJ, Coleção ‘MANÁ DA ALMA’, Vol. XII, Dezembro; Edições Paulinas, São Paulo, 1964, p. 5-7 – Título original LA MANNA DELL’ANIMA, Vol. XII — Tradução do Prof. Euclides Carneiro da Silva e do Padre Lucas A. Caravina)

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Inquisição

EM CIMA DO MURO

Havia um grande muro separando dois grandes grupos. De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais de Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os humanos que não servem a Deus.
E em cima do muro havia um jovem indeciso, que havia sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida
se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo.

O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:
- Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!
Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada.
Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:
- O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles.
Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?
Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:

- É PORQUE O MURO É MEU.

Nunca se esqueça:
Não existe meio termo.
O muro já tem dono.

Papai Noel existiu?

A imagem do Papai Noel, o gordo e sorridente velhinho que traz presentes às crianças boas no dia de Natal, teve sua origem na história de São Nicolau.

Nicolau nasceu em uma antiga província da Ásia Menor, no século IV. A capital, Mira, estava perto do mar (hoje, para o sudoeste da Turquia) e foi uma sede episcopal. Nicolau foi escolhido bispo deste lugar e, em seguida, tornou-se famoso pela sua extraordinária devoção. Ele foi preso por defender sua fé durante a perseguição de Diocleciano. Suas relíquias estão na cidade de Bari, Itália.

Existem muitas lendas que falam da vida deste santo:

É dito que ele era herdeiro de uma fortuna, que ele se dedicou a ajudar os pobres que ele conhecia. Nicolauficou feliz ajudando os outros, especialmente os pobres e escravos. Foi bom, generoso e tinha um ótimo senso de humor.

Em uma ocasião, o chefe da guarda romana da época, chamado Marcos, queria vender como escravo um menino muito pequeno chamado Adrian e Nicolau o impediu.

Em outra ocasião, Marco queria pegar algumas meninas, se o pai não pagasse uma dívida. Nicolau soube do problema e decidiu ajudar. Tomou três sacos de ouro na véspera de Natal, em plena escuridão, chegou à casa e jogou os sacos pela chaminé, salvando assim as meninas.

Marco queria acabar com a fé cristã, mandou queimar todas as igrejas e prender todos os cristãos que não iria renunciar a sua fé. É assim que Nicolau foi detido e preso.

Quando o Imperador Constantino, convertido à fé católica, libertou todos os cristãos e Nicolau era velho. Quando ele saiu da prisão, ele estava barbudo e vestindo suas roupas brancas e vermelhas, que se distinguiu como um bispo. No entanto, os longos anos de prisão não ter sua gentileza e bom humor.


Os cristãos da Alemanha tomaram a história dos três sacos de ouro fundido pela chaminé no dia de Natal e a imagem de Nicolau ao sair da cadeia, para tecer a história de Papai Noel, sorridente, gordinho velhinho, vestido de vermelho, desce pela chaminé no dia de Natal de presentes às crianças boas.


O nome do Papai Noel vem da evolução gradual do nome de São Nicolau: St. Nicklauss, St. Nick, St. Klauss, Santa Claus, o Papai Noel.


MEDITAÇÃO DE SANTO AFONSO - SOBRE O JUÍZO E O INFERNO

Sobre o Juízo

1.Considera que, logo que a alma tenha saído do corpo, será conduzida ao tribunal de Deus para ser julgada.O Juiz é um Deus Onipotente, ultrajado por ti, e sumamente irado.Os acusadores são os demônios, teus inimigos; o processo teus próprios pecados; a sentença é inapelável; a pena é o inferno.Ali não há companheiros, nem parentes, nem amigos; a causa será resolvida entre Deus e a tua alma.Então compreenderás a hediondez de teus pecados, e não poderás ser tão indulgente com eles, como agora o és.Responderá por teus pecados de pensamentos, palavras, obras, omissão, escândalo, respeitos humanos: tudo se há de pesar naquela grande balança da justiça divina, e se fores encontrado réu de culpa grave, uma só que seja, estarás perdido.Meu Jesus e meu Juiz, perdoai-me antes de me fazer comparecer em vosso tribunal!.

2.Considera que a justiça divina há de julgar a todos os homens no vale de Josaphat, quando no fim do mundo ressuscitar os corpos para receberem juntamente com as almas prêmio ou castigo, segundo os seus méritos.

Reflete que, se te condenares, tornarás a unir-te a este mesmo corpo, que servirá de prisão eterna á tua alma desgraçada.Naquele encontro desagradável a alma amaldiçoará o corpo, e o corpo por sua vez amaldiçoará a alma; de maneira que a alma e o corpo, que agora correm de mãos dadas em busca de prazeres lícitos, unir-se-ão, em que lhes pese, depois da morte, para ser verdugos um do outro.Ao contrário, se te salvares, esse teu corpo ressuscitará formosíssimo, impassível e resplandecente; e assim irás, em corpo e alma, gozar d vida bem-aventurada.Tal será o fim da cena deste mundo!Afundar-se-ão no nada todas as grandezas, prazeres e pompas mundanas.Tudo acabará: só ficarão as duas eternidades, uma de glória e outra de pena, uma ditosa e outra infeliz, uma de gozos, e outra de tormentos: no céu os justos, no inferno os pecadores.Desgraçado então o que tenha feito do mundo o seu ídolo, e pelos prazeres miseráveis desta terra tenha perdido tudo, alma, corpo, bem-aventurança e Deus!.

3.Considera a sentença eterna.O Juiz eterno, Jesus Cristo, voltar-se-á primeiro contra os réprobos, a quem dirás: "Ingratos, tudo se acabou para vós!Chegou a minha hora, hora de verdade e justiça, hora de indignação e vingança!Criminosos, amastes a maldição; caia sobre vós: sede malditos na eternidade: ide para o fogo eterno, privados de todos os bens e sob o peso de todos os males".Em seguida voltar-se-á para os escolhidos e dirá: "Vinde vós, meus filhos queridos, vinde possuir o reino dos céus, que vos está preparado.Vinde não já para levar a cruz em pós de Mim, mas para partilhar da minha coroa.Vinde como herdeiros de minhas riquezas e companheiros de minha glória.Vinde cantar eternamente minhas misericórdias.Vinde da terra do exílio á pátria, da miséria ao gozo, das lágrimas á alegria, do sofrimento ao descanso eterno".Meu Jesus, eu espero ser também um destes filhos afortunados.Amo-Vos sobre todas as coisas, abençoai-me desde este momento, e abençoai-me também vós, ó Maria minha querida Mãe!.

Fruto I.Farei todas as minhas ações como se devesse comparecer, na ocasião em que as executar, perante o tribunal divino a dar conta delas.

Fruto II.Exercitar-me-ei em obras de misericórdia espirituais e corporais, porque ao que as praticar prometeu Deus uma benção eterna no dia do juízo.


MEDITAÇÃO SOBRE O INFERNO


1.Considera que o inferno é uma prisão hedionda, cheia de fogo.Neste fogo estão submersos os condenados.Neste abismo de fogo que os rodeia por todos os lados, têm chamas na boca, nos olhos, em todas as partes do corpo.Cada sentido tem seu sofrimento próprio: os olhos são atormentados pelo fumo e pelas trevas, e horrorizados pela vista dos outros condenados e dos demônios; os ouvidos ouvem dia e noite contínuos clamores, prantos e blasfêmias.O olfato é atormentado pelo cheiro nauseabundo daqueles inumeráveis corpos corrompidos, e o paladar por ardentíssima sede e fome insaciável sem poder obter uma gota de água nem uma migalha de pão.Por isso aqueles encarcerados infelizes, abrasados pela sede, devorados pelo fogo, torturados por toda a espécie de sofrimentos, choram, clamam, desesperam-se; mas não há nem haverá quem os alivie e console.Ó inferno, inferno!Quantos há que se recusam a crer em ti até o momento em que caem em teus abismos!E tu, querido leitor, que dizes?Se houvesses de morrer agora, para onde irias?Tu, que não podes suportar o ardor de uma centelha de fogo que te salta á mão, poderás estar em um abismo de fogo que te abrase, abandonado de todos por toda a eternidade e sem lenitivo algum?


2.Considera em seguida a pena que tocará ás potências da alma.A memória será sempre atormentada pelos remorsos da consciência.Tal é aquele verme que sem cessar roerá o condenado ao pensar que se perdeu voluntariamente e por um prazer envenenado.Ó Deus!Como avaliará então aqueles momentos de prazer, depois de cem, depois de mil milhões de anos no inferno?Este verme recordar-lhe-á o tempo que Deus lhe deu para expiar suas culpas, os meios que lhe proporcionou para salvar-se, os bons exemplos dos companheiros, os propósitos feitos mas ineficazes.Então verá que já não há remédio para a sua eterna ruína.Ó Deus!Ó Deus!E como estes pensamentos agravarão o seu penar!A vontade estará sempre contrariada: nunca alcançará coisa alguma do que deseja, e sempre terá o que aborrece, isto é, todos os tormentos.O entendimento conhecerá o bem enorme que perdeu: a bem-aventurança e Deus.Meu Deus!meu Deus! Perdoai-me pelo amor de Jesus Cristo, vosso Filho.

3.Pecador, a quem por agora é indiferente perder o céu e perder a Deus, quando vires os bem-aventurados triunfarem e gozarem no reino dos céus, então tu, qual animal hediondo, serás excluídos daquela pátria ditosa e privado da visão beatífica de Deus, da companhia de Maria Santíssima, dos Anjos e dos Santos; conhecerá, ai!Tua espantosa cegueira, e dirás desesperado:"Ó Paraíso de eternas delícias: Ó Deus! Ó bem infinito! Já não sois nem jamais sereis meus! Desgraçado de mim!..." Eia, meu irmão, faze penitência, muda de vida, não te guardes para quando o tempo te faltar.Entrega-te a Deus, principia a amá-lo deverás.

Roga a Jesus, roga a Maria Santíssima que tenham piedade de ti.

Fruto I.Descontarei com alguma mortificação as penas que no inferno tenho merecido.

Fruto II.Quando experimentar algum dissabor, incomodo ou dor, direi a mim mesmo: "Lembra-te que tens merecido cair, e devias ser precipitado no inferno", e tudo sofrerei com paciência.