VIA DOLOROSA


Chama-se comumente Via dolorosa o caminho seguido por Jesus levando a Cruz, a partir do Pretório Romano, contíguo á Fortaleza Antónia, até ao Calvário, que demora fora da Porta Judiciária; mas, com muita razão, pode-se chamar também Via dolorosa a que seguiu o Salvador, desde Gethsemani até ao «Ecce Homo».

A hora da Paixão é a hora por excelência de Jesus; foi para essa hora que veio, como ele próprio o declara. Fala dela sem cessar, espera e deseja ardentemente que chegue a que deve ser o sinal da salvação dos homens.

Cada minúcia tem imenso valor, sendo uma parte do preço da redenção humana, e, por isso, citaremos aqui o que as profecia (ensinamentos do Espírito Santo) e os Evangelhos nos fornecem e o que nos trouxeram a tradição e as revelações, e, para melhor marcar a sucessão dos acontecimentos, também as horas.

Origem da via dolorosa. Enquanto acusavam Jesus perante Pilatos, sua Santíssima Mãe ,S. João e Santa Madalena estavam em um ângulo do Fórum , donde tudo presenciavam, ouvindo as calunias e insultos que assacavam contra Jesus.

Quando Jesus foi conduzido a Herodes, S. João as levou a percorrer o caminho trilhado por Jesus, desde sua prisão no Jardim de Gethsemani..Muitas vezes pararam, derramando abundantes lagrimas, cheias de compaixão pelos sofrimentos de Jesus.

A Santa Virgem beijava o chão, tinto ainda de sangue, e Santa Madalena e S. João davam expansão á sua dor.

Tal foi a origem da Via dolorosa, .tal o começo dessa piedosa contemplação, dessas honras prestadas á Paixão do Senhor, antes mesmo que estivesse terminada. Foi na mais santa flor da humanidade, na Mãe virginal do Filho do homem, que começou a devoção da Igreja pelos sofrimentos do seu Redentor.

A Santa Virgem, segundo foi revelado a Santa Brígida, fazia, depois da Ascensão de Jesus, a Via Sacra, e era seu consolo percorrer os 1361 passos de que se compõe, segundo Andromarc, aquele caminho, regado com o sangue precioso de seu Filho.

Os cristãos, segundo atesta S. Jeronimo, a imitaram.

A VIA DA CRUZ

Jesus foi condenado por Pilatos e, depois de lhe terem posto a Cruz sobre os ombros, o sinistro cortejo desceu a colina do Templo por uma rua estreita, na direção de Oeste, até ao encontro, a cento e vinte metros, com uma rua mais larga — de Ephraim, que parte da Porta de Damasco para o Sul. Antes de chegar á junção dessas ruas, Jesus caiu pela primeira vez.

Tendo apenas percorrido a extensão de trinta metros nessa grande rua de Ephraim, Jesus encontrou sua Mãe.

Doze metros mais longe, deixou a rua Ephraim para seguir a que vai diretamente ao Golgotha.

Aos primeiros passos, nessa rua, Jesus não pôde continuar, e o Centurião obrigou Simão, o Cireneu, a ajudar Jesus a levar a Cruz. Percorridos cento e vinte metros, nessa rua espaçosa, ladeada de belas casas, Verônica aproximou-se de Jesus e limpou-lhe o rosto.

Faltavam uns sessenta metros para chegar á Porta Judiciária, quando Jesus caiu pela segunda vez. Atravessou a Porta Judiciária, leu o Titulo preso a uma haste, indicando os motivos de sua condenação. Um grupo de mulheres, vendo seu estado, o lastimavam em altas vozes e Jesus parou e lhes disse que chorassem por elas e por Jerusalém.

Em seguida, caiu pela terceira vez e já não pôde levar a Cruz. Chegado ao Calvário, foi despido de suas vestes; posto em uma cisterna, enquanto preparavam o suplicio; cravado na Cruz, na qual morreu.

Foi tirado da Cruz e sepultado...

e no terceiro dia ressuscitou,

como disse.

A VIA DOLOROSA

V I A DO C A T I V E I RO

Jesus, depois de ter instituído a Eucaristia no Cenáculo, saiu, acompanhado de onze discípulos, em direção ao Jardim de Gethsemani, distante dali três quilômetros. Desceu a vertente de Sion, saiu da cidade pela porta Ophel, contornou o monte Moriah, passando perto da Ion te de Siloé, desceu a vertente, margeou a torrente de Cedrón, que atravessou por urna ponte, e entrou por urna porta ao Sul. Ali sofreu a Agonia, vendo os sofrimentos pelos quais tinha de passar, os pecados que ia tomar sobre si de todos os homens, desde Adão até ao ultimo, e a ingratidão dos que, apesar de tudo, iam perder-se.

Após a Agonia de Jesus, entrou Judas no Jardim e, seguido de grande multidão, deu um beijo em seu Mestre para fazê-lo conhecer dos que o acompanhavam, para que o prendessem. Jesus, carregado de cadeias, foi levado ao Tribunal de Annás; saiu do Jardim pela porta por onde entrara, atravessou a ponte de Cedrón, sendo atirado abaixo dela. Seguiram por caminho diferente daquele pelo qual tinha vindo, com receio do povo, que ficara sobressaltado com tal movimento a essas horas, entrando na cidade pela Porta Esterquilina, e dali, por estreitas ruas, até á casa de Annás, aproximadamente, desde o Cenáculo até a casa de Annás, aproximadamente, seis quilômetros.

Interrogado por Annás e dali levado ao Tribunal de Caiphás, separado do Tribunal de Annás por um pátio, foi julgado e condenado pelo Sinédrio. Por ter sido feito este julgamento á noite, o que não era legal, foi adiado o mesmo para a madrugada, ficando Jesus preso em um calabouço, nos baixos do Tribunal.

Durante a estadia de Jesus em casa de Annás e de Caiphás. S. Pedro negou seu Mestre, arrependendo-se em seguida. Do Tribunal de Caiphás, foi levado ao Pretório, Tribunal de Pilatos, atravessando a cidade, passando por perto do Calvário, descendo e subindo parte do caminho que havia de trilhar carregando a. Cruz, gastando nesse percurso uns vinte minutos. Pilatos, depois de interrogar a Jesus, mandou-o a Herodes, cujo Palácio era próximo. Herodes, não obtendo nenhuma resposta de Jesus, mandou-o de novo a Pilatos, como si fosse um visionário e louco. Jesus foi flagelado e coroado de espinhos. Barrabás preferido a Jesus. Pilatos apresenta Jesus — Ecce homo — no estado em que estava, para comover os judeus, mas esses gritaram : Crucifica-o, crucifica-o

COMO ERAM AS VESTES DE JESUS

Convidamos para conhecer um pouco mais como Jesus se vestia segundo os costumes da época.

O Salvador estava vestido como os Galileus.

As vestimentas de Nosso Senhor constavam das seguintes peças: véu sobre a cabeça (kouffich), que era de uso invariável entre os seus compatriotas e que o clima tornava indispensável, sobretudo em viagem, para resguardar a cabeça e o pescoço. O véu era preso na frente por cordões. Este ornato ainda se usa no Oriente.

Calção, que os judeus traziam em torno dos rins.

Túnica sem costuras, de cor parda avermelhada, feita de lã de camelo, e que era usada junto ao corpo, como si fosse camisa, descendo até aos tornozelos, e assemelhando-se á blusa moderna, pelas mangas curtas, até ao meio dos braços. Sem costura, ou com malhas (intervalo entre os fios), significa indiferentemente túnica ou roupa de baixo, isto é, camisa. O termo chiton, de S. João, deve ser precisado pelo contexto. Ora, este, especificando que se tratava de uma veste de malha, coloca-o, por esse mesmo fato, na categoria das vestes subtraídas às vistas.

Vestimenta exterior sobreposta á túnica. Esta vestimenta assemelha-se á batina que hoje os sacerdotes usam.

Cinta, larga, passada muitas vezes em torno da cintura, e que servia para guardar certos objetos.

Manto, que os judeus, e, em particular, os que eram consagrados de um modo especial ao culto de Deus, tinham o habito de usar. Era um amplo pano quadrado, composto de quatro peças. A cintura servia também para levantar e apertar em torno dos rins esse manto, quando se queria caminhar. O manto servia para preservar o corpo das intempéries e envolve-lo durante o sono. Em cada canto dessa vestimenta estava cosido um pedaço de seda azul, que devia lembrar aos judeus a estada no Egito, e, além disso, uma borla, composta de nós, que pelo numero representam as quatro letras do nome de Jahve, segundo sua pronuncia verdadeira. Essas quatro letras eram o iva, o hé, o vau e o hé. (Deut. XX, n. 12).

Sandálias e Cajado. -

E' provável que Nosso Senhor usasse, em certos atos, a «capa de profeta», em vez de manto, como se vê na Est. I . Essa capa era formada por um largo pano. Cabido sobre as costas, e preso no pescoço por um colchete. O traje de Cristo não importava menos á cristandade das idades futuras do que aos contemporâneos, pela lembrança de sua pessoa, destinada a perpetuar-se pela imagem. Ora, em falta de semelhança averiguada nos traços, era preciso que, ao menos, tivéssemos o desenho das vestes do Salvador.

— Durante a Paixão, Jesus esteve vestido como acima (menos o véu sobre a cabeça), desde que foi preso até que foi apresentado a Pilatos (exceto no tempo em que esteve na prisão, no tribunal de Caifhás, onde ficou só com a túnica). Depois da apresentação a Pilatos até sua condenação, esteve vestido com a túnica. De Herodes para Pilatos, sobrepuseram á túnica um saco branco, por escárnio; depois da flagelação.o manto escarlate (chlamyde) e a coroa de espinhos. Em seguida á condenação, foram repostas as suas vestes, que conservou até ao crucificamento, sendo então retiradas e ficando provavelmente o calção até a descida da Cruz.

COR DAS V E S T I M E N T A S - Os primeiros pintores representavam Jesus com a túnica inconsútil, a qual tinha a cor parda avermelhada.

Dai concluíram alguns, sem razão, que Jesus usasse, ordinariamente, uma veste vermelha; e, como sabiam que havia azul em suas vestes (nos cantos do manto), ajuntaram á veste vermelha de Cristo o manto azul. Isso é, entretanto, inexato. Jesus vestia-se de branco, símbolo da inocência e da luz, e não de vermelho, que era considerado entre os judeus como o símbolo do pecado. Isaias pergunta: Por que estão assim vermelhas as tuas vestes ? E o Senhor lhe responde: Aspergiram sobre mim o sangue dos homens. Eis por que estão vermelhas as minhas vestes. No seio do eterno Pai, nos esplendores dos Santos, Jesus tinha por vestimenta a claridade de sua gloria divina. «Amictus lumine sicut vestimenta».

No alto do Thabor, Jesus suspende, por instantes, o véu que ocultava sua divindade e deixa-se ver, resplandecente como o sol, com as vestes da alvura deslumbrante da neve. «Vestimenta ejus facta sunt alba sicut nix».

Entre os Judeus, Typhon, símbolo do mal, tinha a cor vermelha. Em toda a historia judaica, vê-se esta cor considerada como emblema do pecado.

Na cerimônia do bode emissário, para a expiação solene das faltas.do povo, o grande sacerdote amarrava no pescoço do bode uma longa faixa vermelha. Refere-se que, sob o pontificado de Simão, o Justo, essa faixa vermelha aparecia sempre branca, o que era., segundo pensavam, um favor assinalado do céu; porque ela significava, pela cor branca, que Deus concedia ao povo a remissão de suas faltas; enquanto, com os outros grandes sacrificadores, a faixa aparecia, ora branca, ora vermelha.

Lembravam-se então do que dissera Isaias, fazendo alusão á significação simbólica do vermelho:

«Quando vossos pecados fossem como o escarlate, seriam embranquecidos como a neve, quando fossem vermelhos como a púrpura, tornar-se-iam como a lã».

R E T R A T O DE NOSSO SENHOR J E S U S CRISTO

Carta que se diz ter o Procônsul Lentulus, Presidente em Jerusalém, dirigido ao Senado de Roma, a respeito de Nosso Senhor Jesus Cristo, extraída dos «Annaes dos Romanos», escritos por Eutrópio, no 40 século: (Est. 1)

Retrato de Jesus

«Apareceu nestes tempos e existe ainda um homem (si se pôde chamar homem) de grande virtude, chamado Jesus Cristo, que faz obras maravilhosas. Os povos dizem que ele é o Profeta da verdade, e os seus discípulos lhe chamam Filho de Deus.

Ele. ressuscita os mortos e sara toda espécie de moléstias, com as suas palavras e com o seu contato. E' um homem de belo e esplêndido porte, sem ser muito mais alto do que o comum; seu rosto é tão venerável que aqueles que o fitam são levados a amá-lo e temê-lo; seus cabelos são da cor de uma avelã bem madura: são empastados até as orelhas, mas, desde as orelhas até á extremidade, são anelados e crespos; assemelham-se um pouco á cor da cera e são muito luzidios; flutuam com muita graça sobre as.espáduas, e são divididos ao meio da cabeça, segundo o uso dos Nazarenos ; tem a fronte unida e muito serena; sua face é sem ruga nem mancha e duma vermelhidão que o embeleza extremamente. Tem nariz e boca muito bem feitos; sua barba é espessa e forte e nunca; foi cortada; ela é da cor dos seus cabelos, não muito comprida e dividida ao meio, em forma de forçado; seu olhar é singelo e grave, seus olhos aproximam-se do verde e são brilhantes e claros; é terrível em suas repreensões, doce e amável em seus conselhos; é agradável, e conserva sempre a gravidade; nunca foi visto rir, mas muitas vezes chorar. E ' , quanto a disposição do seu corpo, direito e bem composto, tendo as mãos e os braços e toda a sua pessoa muito agradáveis avista)" è grave em sua conversação, mas fala raramente e com modéstia. Em fim, é um homem que, por sua beleza e perfeição, excede os outros homens. »

Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano




Esta é a Belíssima Imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, também chamada de Santa Maria de Scudari, que desde o século XIII, era venerada pelo povo Albanês.No Século XIV, este povo buscava Nela refúgio e proteção contra a invasão dos Turcos e Otomanos que naquela época assolavam seu País. Sem contarem com forte exército, o povo albanês recorria a Santíssima Virgem nesta sua Bela imagem para que dessem a eles um defensor. Deus ouviu suas orações e suscitou este defensor na pessoa do Monarca Jorge Castriota, mais conhecido como Principe Scanderbeg.


Homem devotíssimo da Santíssima Virgem, Scanderbeg lutava incansavelmente para defender a Glória da Mãe de Deus e de seu País.
Entre uma batalha e outra, Standerberg ajoelhava-se junto com seus soldados aos pés da Virgem de Scudari para lhe consagrarem a vida, rogarem por proteção e valimento nas batalhas. A Santíssima Virgem, por Sua vez, os retribuía com favores, graças e vitórias.

Após 23 anos de lutas em favor de seu País e de sua Senhora, Scanderbeg veio a falecer. Mas antes, pressentindo que sua morte estava próxima e temendo que o Belíssimo Quadro da Virgem do Bom Conselho e seu Santuário, os quais tanto amava, fossem profanados pelos exércitos inimigos, pediu a dois de seus soldados chamados Georgis e De Sclavis, que estivessem sempre aos pés da Santíssima Virgem e que a guardassem.

Após a morte de Standerberg, lamentavelmente, o povo sofreu a influência do cisma bizantino, e oscilou entre a adesão e a rejeição a Santa Fé. Assim, a Albânia pagou as conseqüências de sua prolongada inconstância e tibieza.
Os exércitos Turcos vendo-se livres do “fulminante leão de guerra” investiram contra a Albania e a ocuparam quase que totalmente.
Somente Scútari, uma cidadezinha pequena ao norte do País, ainda não havia sido conquistada porque contava com ainda com 'proteção'. E isso havia sido falado pelo próprio Scandebeg antes da sua morte.
Mas sua caída, era só questão de tempo. Começou então o êxodo daqueles que não queriam perder a sua fé e tradições para os países vizinhos onde pudessem manter a fé católica.
Entre eles eram Giorgio e de Sclavis, ambos protagonistas desta história. Pensaram também em emigrar, mas algo os reteve ainda em Scútari. Era uma igreja pequena onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora, descida misteriosa do C éu fazia duzentos anos. Pelas Graças que concedeu ,Seu Santuário tinha-se transformado no centro principal do peregrinação da Albânia.
Mas a devoção à imagem veio diminuindo e a verdadeira fé também. (Sem isto não se compreende a catástrofe do povo albanês. ) De acordo com uma lamentação de um cronista da época : “...os moços e as moças, já não têm gosto em florescer o altar de Maria em Scútari”, e o Santuário pareceu destinado agora a uma destruição inevitável.

Esta era a grande aflição de Giorgio e de Sclavis: deixar a Pátria no infortúnio, abandonando com ela aquele dom Celestial, o grande tesouro da Albânia. Com lágrimas, foram um dia ao velho Templo rogar a Santíssima Virgem em meio a grande dor, que Ela os desse o BOM CONSELHO que necessitavam. Pois lhes parecia que deviam preserva-la da fúria maometana e ao mesmo tempo buscar o exílio para segurança de suas próprias almas.

Logo veio o Bom Conselho da Senhora à Georgis e De Sclavis. Ambos tiveram um sonho: A Santíssima Virgem lhes aparece e ordena-lhes seguirem-Na em uma grande Viagem. Dias depois, estando ajoelhados em oração diante de seu afresco, eis que o Belíssimo quadro da Senhora de Scutari
desprende-se de seu lugar e flutuando retira-se de sua Igreja.

TransladaçãoOs dois seguem-na atônitos e confiantes, pois a Senhora já os havia exortado.
Verificam, então, estupefatos e eufóricos, que sob seus pés as águas se transformam em sólidos diamantes, voltando
ao estado líquido após sua passagem. Que milagre! Tal como São Pedro sobre o lago de Genezaré, estes dois
homens caminham sobre o Mar Adriático, guiados pela própria "Estrela do Mar".
Caminharam por vários dias sem comerem, beberem ou sequer cansarem-se. Tinham os olhos fixos na Senhora e A
seguiam pelo mar.
Eis então, que percebem ter chegado em algum lugar... Era outro País. Língua estranha e a Senhora... Onde estava? Perderam a visão da Senhora e isso os assolou de grande dor...
Passaram então a procurá-la, mas sequer sabiam falar o idioma daquela nação. Estavam na Itália, nas proximidades
de Roma.

Em paralelo a este acontecimento, vivia em Genazzano PETRUCIA NORA.Viúva desde 1436 e sem filhos.
Mulher muitíssimo devota da Santíssima Virgem Maria. Dedicava sua vida totalmente a Deus. Contava-se já com oitenta anos. Esta piedosa senhora recebeu do Espírito Santo a seguinte revelação: "Maria Santíssima, em sua imagem
de Scútari, deseja sair da Albânia". Muito surpresa com essa comunicação sobrenatural, Petruccia assombrou-se mais ainda ao receber da própria

Santíssima Virgem expressa ordem de edificar o templo que deveria acolher o seu Afresco, bem como a promessa
de ser socorrida em tempo oportuno.
Começou então a idosa e virtuosa viúva a construir a Igreja. Vendera todos seus bens e usou de tudo que tinha para
poder atender ao pedido da Mãe de Deus, mas mesmo assim, o dinheiro não foi suficiente para edificar mais que uma parede de um metro de altura... Foi tudo o que conseguira. Enquanto isso, o povo de Genazzano negava-lhe ajuda.

Chamavam-na de louca, visionária, imprudente e antiquada. Cotidianamente usavam contra ela aqueles versículos bíblicos:
“-Pois qual de vós querendo edificar uma torre, não assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver
se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não podendo terminar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele dizendo: este homem começou a edificar e não pode acabar.” (Lc. 14, 28-30)

Petruccia vivia na solidão. Sem ajuda, sem amigos..., Assim como Noé obedecia a Deus mesmo em meio as zombarias,
dificuldades e nenhuma ajuda.

Petruccia Nora

O milagre

No dia 25 de abril de 1467, Festa de São Marcos que era padroeiro da cidade de Genazzano, Petruccia dirigi-se para a “igreja” para rezar. Era dia de feira. Quatro horas da tarde. O povo de Genazzano estava em meio ao barulho e bulício quando de repente ouvem uma celestial melodia e param para verem de onde vem.
Vinha de uma nuvenzinha branca que descia do Céu. Todos, atônitos, pararam e seguiram a nuvem para verificarem o que ocorria.
Estupefatos, observaram desfazer-se a nuvem e aparecer o belíssimo quadro da Senhora do Bom Conselho, descendo trazida por anjos para à única parede inacabada que Petruccia conseguira construir e ali manter-se flutuando em meio

a melodias angelicais, badalar de sinos e espanto dos moradores.
Descia do céu a Senhora de Scutari, a SENHORA DO BOM CONSELHO para a igreja de Petruccia.
Quanta alegria e consolo para Petruccia que vê finalmente realizada a promessa da Mãe de Deus.

Dias depois, os valentes Georgis e De Sclavis que percorriam a Itália em busca de Sua Senhora, tomaram conhecimento do Milagre que havia ocorrido na cidade de Genazzano. Imaginaram então, que este podia ser o Afresco da Senhora.
Foram então, sem titubear para Genazzano onde, radiantes de alegria, puderam confirmar que o quadro que se mantia flutuando diante da parede daquela igreja inacabada era o mesmo que eles vieram acompanhando pelo Mar Adriático e que agora finalmente encontraram. Estes então passaram sua vida servindo e amando a Senhora do Bom Conselho, na cidade de Genazzano.

Estava confirmado o superior desígnio da construção iniciada. Teve início, assim, em Genazzano um longo e ininterrupto desfilar de milagres e graças que Nossa Senhora ali dispensa. O Papa Paulo II, tão logo soube do que havia sucedido, enviou dois prelados de confiança para averiguar o que se passara.
Estes constataram a veracidade do que se dizia e testemunharam, diariamente, inúmeras curas, conversões e prodígios realizados pela Mãe do Bom Conselho. Nos primeiros 110 dias após a chegada de Nossa Senhora, registraram-se 161 milagres.

O povo então diante disto resolveu ajudar, e hoje, o Belíssimo Santuário encontra-se construído e mantém-se até os dias de hoje sua Imagem FLUTUANDO na parede construída por Petruccia, assim como se estivesse sendo segurada por mãos de Anjos.

Petruccia morreu poucos anos depois do Milagre tendo então cumprido com fidelidade a ordem que a Virgem lhe dera. Deixou a este mundo um grande exemplo de Santidade e Confiança em Deus mesmo diante de todas as dificuldades e perseguições.

Ainda hoje os católicos alvabenses tem esperança e rezam para que a Virgem do Bom Conselho, a Senhora de Scutari, volte para seu País e salve nele o catolicismo.

Madre Tereza de Calcutá albanesa, quando esteve em Genazano no dia 10 de junho de 1993, deixou escrito no livro de visitantes:”-Maria, Mãe de Jesus, volta a tua casa na Albânia! Nós te amamos, nós temos necessidade de Ti. Tu és nossa Mãe, volta a tua casa na Albânia!Nós te pedimos!
Deus abençoe a Todos.”

Beato Steffano Bellesini

Falando sobre a Senhora do Bom Conselho, podemos destacar também o Milagre chamado Beato Steffano Bellesini que dedicou grande parte de sua vida em propagar ao mundo a devoção da Senhora do Bom Conselho tornando-a conhecida e amada por todos. Em 1831, foi nomeado pároco do Santuário de Santa Maria do Bom Conselho.

Em Genazzano, celebrava sempre a Missa no altar de Mater Boni Consilii e estimulava em todos os fiéis a devoção a Ela. Aos que viajavam ou viviam longe, distribuía estampas, dava azeite da lamparina do altar, enfim, tudo quanto recordasse a Santa Imagem.
Conduzia e consagrava à Virgem todas as crianças que batizava. E queria que todos os paroquianos fossem consagrados à Madonna do Bom Conselho.

Era devotíssimo da Rainha dos Corações e recitava diariamente, entre outras práticas de piedade, o Rosário com a Ladainha de Nossa Senhora. Retido no leito pela enfermidade que o levaria à morte, tentou o prior do convento poupar-lhe a fadiga das orações, mas ele respondeu: " Como quereis que compareça ante o Tribunal de Deus sem ter antes recitado a Coroinha de Nossa Senhora e o Rosário com sua Ladainha?"

Obedientíssimo em vida- e até depois da morte, pediu permissão a seu superior para comparecer ao Juízo de Deus no dia da Purificação de Maria, também festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Não quis o prior do convento consentir que ele falecesse durante as cerimônias litúrgicas deste dia, porque, devido à benção das velas e à grande afluência de público, sua morte ocasionaria inevitávelmente transtornos nas solenidades. Submeteu-se de bom grado o Bem-aventurado Stefano, dizendo: "Terminada a função de Nossa Senhora, começará a minha".

Ao fim das vésperas, os fiéis entoaram na igreja o último verso do derradeiro cântico- "Maria do Bom Conselho, abençoai-nos assim como vosso Filho"- com o que as cerimônias estavam concluídas. E, efetivamente, às quatro da tarde do dia da Purificação de Nossa Senhora, Stefano, em sua cela, entregava sua bela alma a Deus. Era o dia 2 de fevereiro de 1840.

Beato Steffano BellesiniDurante seu processo de beatificação exumaram-lhe o cadáver para exame, na presença do Cardeal Pedecini e numeroso clero. O corpo estava íntrego, incorrupto e flexível, como ainda hoje em dia se conserva. Transladaram-no para um novo ataúde que, fora mal calculado, e era demasiado pequeno. O Cardeal, então, ordenou: "Padre Bellesini, tão obediente como fostes em vida, não poderíeis agora acomodar-vos neste estreito caixão? À vista de todos os presentes, o corpo se encolheu suficientemente para entrar na urna. Milagre impresionante que nos mostra um exímio seguidor da Rainha dos Céus, d'Aquela que obediente em toda a sua vida, com o fiat, trouxe o Salvador ao mundo.

Que a Senhora do Bom Conselho abençoe a todos e nos afervore no amor a Ela, á São José e a Seu Divino Filho.

Novena de Nossa Senhora do Bom Conselho

18 a 26 de abril

Consagração à Nossa Senhora

Ò

Maria, Mãe de Jesus e minha Mãe, eu vos consagro neste dia todo o meu ser. Ponho em vossas mãos tudo o que sou e tenho. Confio à vossa proteção todos os meus projetos e desejos. Fazei que tudo seja para o bem de todos, principalmente daquelas pessoas a quem devo amar mais. Formai em mim um coração bondoso como o do vosso Filho Jesus, de onde todos possam receber a paz, a justiça e o amor. E guardai-me no vosso coração materno, para que nenhum mal me aconteça e todo o bem me venha. E fazei-me lembrar sempre de que sou vosso filho(a). Amém.

Santa Maria, Mãe de Deus e da Igreja, guardai unida no amor a igreja do meu lar. Amém

G

loriosíssima Virgem Maria, escolhida pelo eterno Conselho para Mãe do Verbo Humanado, tesoureira das divinas graças e advogada dos pecadores, eu, o mais indigno dos vossos servos, a vós recorro para que me sejais guia e conselheira neste vale de lágrimas.

Alcançai-me, pelo preciosíssimo sangue de vosso divino Filho, o perdão de meus pecados, a salvação de minha alma e os meios necessários para obtê-la.

Alcançai também para a Santa Igreja o triunfo sobre os seus inimigos e a propagação do reino de Jesus Cristo em todo o mundo. Amém.

1 Pai-Nosso

3 Ave-Marias

1 Glória...

DESCRIÇÃO DA PALESTINA

A faixa de terra em que habitavam os Israelitas, no tempo de Jesus Cristo, chamamos hoje Palestina. Era limitada ao norte pela Síria, a Finícia; ao sul . pela Iduméia e pelos desertos do Egito; a leste pelos desertos da Arábia e pela Ituréa ; a
oeste pelo mar Mediterrâneo. Era um pequeno pais de 220 quilômetros de comp
rimento, por 150 de largura, com 33.000 quilômetros quadrados. A Palestina é montanhosa, com alguns vales e planícies. O rio mais importante é o Jordão, que nasce nosmontes Hermon e entra no mar Morto, depois de ter atravessado o lago de Genezaré ou mar da Galileia, também chamado Tiberiades.

Foi nas margens do lago de Genezaré nas montanhas que o rodeiam que o divino Mestre ensinou ás multidões a nova religião.

O lago de Genezaré é sujeito, ainda hoje, como nos tempos de Jesus, a freqüentes tempestades. Ainda se encontra nele um peixe, chamado «Peixe de S. Pedro), em memória da pagina do Evangelho, que nos refere como S. Pedro achou num peixe desse lago o dinheiro para pagar o tributo a Cesar.

No tempo de Jesus Cristo a Palestina era composta de quatro províncias: Galileia, Samaria, Judéa e Perea. Essas quatro provincias formaram um reino, que passou ao domínio dos romanos, 63 anos antes de Cristo.

Além destas quatro províncias, deve-se mencionar a Decápode, confederação

de dez cidades, nas quais dominara a influencia grega, e 33 cidades gregas, cidades livres, formadas de elementos gentios, em que predominaram os gregos. Na Galiléia está Cafarnaúm, onde Jesus tantas vezes pregou e fez sua principal residência; a cidade de Bethsaida, pátria de S. Pedro, Magdala, pátria de Santa Maria Magdalena; a pequena cidade de Nazareth, onde Jesus se conservou até ao inicio de sua missão apostólica, e Cana, onde realizou o seu primeiro milagre.

A Samaria era a província em que havia menos judeus, sendo seus habitantes principalmente samaritanos (indígenas) e pagãos. Professavam os samaritanos a religião de Israel, mas os judeus emigrados não os quiseram reconhecer como fazendo parte do povo de Deus, e excluíram a Samaria da Terra Santa.

A Judéa tinha esse nome por ser formada peio antigo reino de Judá. Os seus habitantes chamavam-se judeus, designação que, mais tarde, se estendeu a todos os filhos de Israel. Entre as cidades e aldeias principais estão: Belém, onde nasceu Jesus; Hebron, onde estão os túmulos dos patriarcas; Bethania e Bathphagé, celebradas pelos evangelistas.

A Peréa fica além do Jordão, que é a tradução da palavra Peréa. As cidades mais celebres, na Vida de Jesus, são: Nazareth. Era uma pequena cidade da Galiléa. onde nasceram a Virgem Maria e S. José. Ai passou Jesus até aos trinta anos, começo de sua pregação. Atualmente, conta uns trinta mil habitantes, quase todos catolicos. O convento dos Franciscanos, no interior do qual está a Igreja da Anunciação, é o melhor monumento da cidade. Esta Igreja foi construída no local onde estava edificada a casa da Virgem Maria. Sob o coro, no lugar exato dessa casa, existe uma capela subterrânea, na qual está um altar continuamente alumiado por muitas lâmpadas. Sobre o mármore branco de que é feito, lê-se: Hic verbum caro factum est. Foi aqui que o Verbo se fez carne.

Foi, com efeito, ali, segundo uma antiga tradição, que o Anjo Gabriel apareceu á Santíssima Virgem. Perto dessa Igreja fica uma fonte publica, a que chamam: «Fonte de Maria», porque, segundo a tradição, a Virgem ia ou mandava seu divino Filho buscar água a essa fonte.

Belém. Era uma das menores cidades da Judéia. Hoje conta uns nove mil habitantes, metade católicos. Foi nessa cidade, numa gruta, que nasceu Jesus Cristo. Sobre essa gruta mandou Santa Helena construir a basílica da Natividade, uma das mais belas do Oriente.

Belém de Judá foi a pátria de David, onde em pequeno guardou os rebanhos de seu pai. Foi ali que Samuel, enviado por Deus, veio derramar o óleo santo na cabeça de Saul, sagrando-o rei de Israel. Ali nasceram Isaias, Jessé, Booz, Mathan e Jacob, seu filho, pai do glorioso S. José, e Mathias, o apostolo. E ali, no campo de Booz, no fundo da cidade, é que se passou a encantadora historia da formosa Ruth. Foi predita pelo profeta Micheas para berço do Redentor.De cada lado do altar-mór parte uma escada, que conduz á gruta do nascimento. Esta gruta mede cerca de 12 m de comprimento, por 4m de largura e 3m de altura. E' neste lugar que está o altar da Natividade.

O lugar onde nasceu o Redentor é indicado por uma placa com a seguinte inscrição: Hic de Virgine Maria Jesus Christus natus est. «Foi aqui que Jesus Christo nasceu da Virgem Maria».

S. Paulo assim saudou Belém: «Eu te saúdo, Belém, casa do pão, onde nasceu o pão que desceu dos céus».

Capharnaum. Era uma cidade muito importante no tempo de Cristo, que muitas vezes ali pregou, tanto na sinagoga, como fora dela, e fez muitos milagres, e nela se inscreveu, fazendo dela seu domicilio. De sua existência só restam hoje vestígios.


Tiberiades. Era muito celebre no tempo de Jesus Cristo. De todos estes lugares não restam senão ruínas. Foi na Palestina, á vista do Jordão e do Mar Morto, tendo em frente as montanhas agrestes da Judéa, que Tomaz Ribeiro compôs a Judia, em que diz:

Fui e visitei o mapa imenso

Das montanhas da Judéia,

Ai, pátria da raça hebréia,

Ai, desditosa Sião!

Que extensos montes sem relva,

Que paragens sem conforto,

Onde se estende o Mar Morto

E onde serpeia o Jordão!

Jerusalém. E' considerada pelos judeus como a cidade santa, e também pelos cristãos, porque, junto de seus muros, foi crucificado Jesus. A palavra Jerusalém vem do hebraico, e quer dizer: cidade da paz. Está situada na Palestina, a 190 metros de altitude, e assenta sobre um planalto cortado pelos vales do Cedron e do Hermon.

O Monte Moriah, sobre o qual se erguia o Templo, fica a leste da cidade; os montes Acra e Sião, a oeste. A antiga cidade estava assente sobre estes três montes, rodeada de poderosos muros. Ao norte do monte Moriah, sobre um rochedo de 24 metros de altura, elevava-se a fortaleza Antónia, onde residia a guarnição romana. A cidade antiga não media mais do que um quilometro na sua maior largura, e poderia ter uns 200.000 habitantes, no tempo de Jesus. Nas primeiras festas do ano, o numero dos habitantes aumentava consideravelmente, por causa da concorrência dos forasteiros judeus, vindos não só da Palestina, mas também de países longínquos, para a sua celebração.

Tem Jerusalém vários monumentos religiosos, que são sempre visitados pelos peregrinos devotos.O principal é o Santo Sepulcro. A atual Basílica do Santo Sepulcro é do tempo das Cruzadas. A primitiva, mandada construir por Santa Helena, tinha sido destruída. Abrange esta Basílica o Sepulcro, onde Jesus foi sepultado, e o Calvário, onde foi crucificado; sendo, portanto, pequena a distancia do Calvário ao Sepulcro, e insignificante a diferença do nível.

A torrente de Cedron atravessa o vale do mesmo nome. Este vale que, mais adiante, toma o nome de vale de Josaphat, é designado pela tradição popular cristã como sendo o lugar do juízo final. Quem desce de Jerusalém e atravessa a torrente de Cedron, avista, na sua frente, uma montanha que domina a cidade: é o Monte das Oliveiras (818 metros). O monte das Oliveiras, o mais alto dos que circundam Jerusalém, apresenta três colinas, sendo na do meio, que é a mais alta, que Jesus Cristo operou sua gloriosa Ascensão e deixou impressos na rocha os vestígios de seus pés, como atestam S. Jerônimo, que Os contemplou, e outros Santos Padres. Já não existe senão o pé esquerdo, porque os turcos tiraram o outro, no meado do século XVII.

O sagrado vestígio que subsiste tem o calcanhar voltado para o Sul e os dedos para o Norte, o que denota que Jesus Cristo, subindo ao céu, tinha como na Cruz, o rosto voltado para Roma, segundo observa Andrichoncio, na sua Geografia santa. Está hoje o sagrado vestígio cercado por um muro. Ao sopé deste monte, em frente dos muros, fica o Jardim de Gethsemani, com a gruta onde Jesus sofreu a agonia. Do alto do Monte das Oliveiras, descortina o peregrino um lindo panorama, de Jerusalém; ao lado fronteiro, está o «Dominus Flevit», nome do sitio em que Jesus chorou, sobre Jerusalém.

Mais acima, vê-se o local da Ascensão. Era fora dos muros de Jerusalém que os judeus lançavam as imundices da cidade.Para as destruir, alimentavam, num vale, perto da cidade, uma fogueira, acesa dia e noite; a esse vale chamavam «Gehenna» e também ao fogo que nele ardia. Jesus Cristo, que falava para ser compreendido por todos, varias vezes empregou este termo, comparando aquela fogueira com o inferno.

Com S. Bernardo digamos:

«Eu te saúdo, Cidade santa, tabernáculo que o Altíssimo santificou para salvar em ti e por ti o gênero humano!

Saúdo-te, Cidade do grande Rei, na qual, desde a origem do mundo e quase sem interrupção, resplandeceram inúmeros milagres!

Saúdo-te, Mestra das nações, Rainha das provindas, possessão dos patriarcas, Mãe dos profetas, instituidora da fé, glória do povo cristão !

Saúdo-te, terra prometida, que não fazias manar outrora rios de leite e de mel senão para teus habitantes, e que agora dás a todo o universo os remédios da salvação, o alimento da vida!

Terra boa, excelente, que recebeste em teu seio fecundo a semente celeste, nele depositada pelo coração de Deus, e que produziste tão rica seara de mártires — mártires que multiplicaste ao cêntuplo por toda a terra, de ti foram ditas coisas maravilhosas!»


O CARNAVAL SANTIFICADO E AS DIVINAS BENEFICÊNCIAS

Por Santo Afonso Maria de Ligório

Fidem posside cum amico in paupertate illius, ut et in bonis illius laeteris ―«Guarda fé ao teu amigo na sua pobreza, para que também te alegres com ele nas suas riquezas» (Eclo 22, 28).

Sumário. Para desagravar o Senhor ao menos um pouco dos ultrajes que lhe são feitos, os Santos aplicavam-se nestes dias do carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à oração, à penitência, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com seu Bem-Amado. Procuremos imitar estes exemplos, e se mais não pudermos fazer, visitemos muitas vezes o Santíssimo Sacramento e fiquemos certos de que Jesus Cristo no-lo remunerará com as graças mais assinaladas.
I. Por este amigo, a quem o Espírito Santo nos exorta a sermos fiéis no tempo da sua pobreza, podemos entender Jesus Cristo, que especialmente nestes dias de carnaval é deixado sozinho pelos homens ingratos e como que reduzido à extrema penúria. Se um só pecado, como dizem as Escrituras, já desonra a Deus, o injuria e o despreza, imagina quanto o divino Redentor deve ficar aflito neste tempo em que são cometidos milhares de pecados de toda a espécie, por toda a condição de pessoas, e quiçá por pessoas que lhe estão consagradas. Jesus Cristo não é mais suscetível de dor; mas, se ainda pudesse sofrer, havia de morrer nestes dias desgraçados e havia de morrer tantas vezes quantas sã
o as ofensas que lhe são feitas.

É por isso que os santos, afim de desagravarem o Senhor um pouco de tantos ultrajes, aplicavam-se no tempo de carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à penitência, à oração, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com o seu Bem-Amado.
No tempo de carnaval Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores.
O Bem-aventurado Henrique Suso guardava um jejum rigoroso afim de expiar as intemperanças cometidas.
São Carlos Borromeu castigava o seu corpo com disciplinas e penitências extraordinárias.
São Filipe Néri convocava o povo para visitar com ele os santuários e exercícios de devoção.
O mesmo praticava São Francisco de Sales, que, não contente com a vida mais recolhida que então levava, pregava ainda na igreja diante de um auditório numerosíssimo. Tendo conhecimento que algumas pessoas por ele dirigidas se relaxavam um pouco nos dias de carnaval, repreendia-as com brandura e exortava-as à comunhão freqüente.
Numa palavra, todos os santos, porque amaram a Jesus Cristo, esforçaram-se por santificar o mais possível o tempo de carnaval. Meu irmão, se amas também este Redentor amabilíssimo, imita os santos. Se não podes fazer mais, procura ao menos ficar, mais do que em outros tempos, na presença de Jesus sacramentado, ou bem recolhido em tua casa, aos pés de Jesus crucificado, para chorar as muitas ofensas que lhe são feitas.

II. Ut et in bonis illius laeteris ― «para que te alegres com ele nas suas riquezas». O meio para adquirires um tesouro imenso de méritos e obteres do céu as graças mais assinaladas, é seres fiel a Jesus Cristo em sua pobreza e fazeres-lhe companhia neste tempo em que é mais abandonado pelo mundo: Fidem posside cum amico in paupertate illius, ut et in bonis illius laeteris. Oh, como Jesus agradece e retribui as orações e os obséquios que nestes dias de carnaval lhe são oferecidos pelas almas suas prediletas!
Conta-se na vida de Santa Gertrudes que certa vez ela viu num êxtase o divino Redentor que ordenava ao Apóstolo São João escrevesse com letras de ouro os atos de virtude feitos por ela no carnaval, afim de a recompensar com graças especialíssimas. Foi exatamente neste mesmo tempo, enquanto Santa Catarina de Sena estava orando e chorando os pecados que se cometiam na quinta-feira gorda, que o Senhor a declarou sua esposa, em recompensa (como disse) dos obséquios praticados pela Santa no tempo de tantas ofensas.

Amabilíssimo Jesus, não é tanto para receber os vossos favores como para fazer coisa agradável ao vosso divino Coração, que quero nestes dias unir-me às almas que Vos amam, para Vos desagravar da ingratidão dos homens para convosco, ingratidão essa que foi também a minha, cada vez que pequei. Em compensação de cada ofensa que recebeis, quero oferecer-Vos todos os atos de virtude, todas as boas obras, que fizeram ou ainda farão todos os justos, que fez Maria Santíssima, que fizestes Vós mesmo, quando estáveis nesta terra.
Entendo renovar esta minha intenção todas as vezes que nestes dias disser:
+ Meu Jesus, misericórdia[1]. ― Ó grande Mãe de Deus e minha Mãe Maria, apresentai vós este humilde ato de desagravo a vosso divino Filho, e por amor de seu sacratíssimo Coração obtende para a Igreja sacerdotes zelosos, que convertam grande número de pecadores.
[1] Indulg. de 300 dias cada vez.
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Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 272-274

Inquisição

EM CIMA DO MURO

Havia um grande muro separando dois grandes grupos. De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais de Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os humanos que não servem a Deus.
E em cima do muro havia um jovem indeciso, que havia sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida
se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo.

O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:
- Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!
Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada.
Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:
- O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles.
Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?
Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:

- É PORQUE O MURO É MEU.

Nunca se esqueça:
Não existe meio termo.
O muro já tem dono.

Papai Noel existiu?

A imagem do Papai Noel, o gordo e sorridente velhinho que traz presentes às crianças boas no dia de Natal, teve sua origem na história de São Nicolau.

Nicolau nasceu em uma antiga província da Ásia Menor, no século IV. A capital, Mira, estava perto do mar (hoje, para o sudoeste da Turquia) e foi uma sede episcopal. Nicolau foi escolhido bispo deste lugar e, em seguida, tornou-se famoso pela sua extraordinária devoção. Ele foi preso por defender sua fé durante a perseguição de Diocleciano. Suas relíquias estão na cidade de Bari, Itália.

Existem muitas lendas que falam da vida deste santo:

É dito que ele era herdeiro de uma fortuna, que ele se dedicou a ajudar os pobres que ele conhecia. Nicolauficou feliz ajudando os outros, especialmente os pobres e escravos. Foi bom, generoso e tinha um ótimo senso de humor.

Em uma ocasião, o chefe da guarda romana da época, chamado Marcos, queria vender como escravo um menino muito pequeno chamado Adrian e Nicolau o impediu.

Em outra ocasião, Marco queria pegar algumas meninas, se o pai não pagasse uma dívida. Nicolau soube do problema e decidiu ajudar. Tomou três sacos de ouro na véspera de Natal, em plena escuridão, chegou à casa e jogou os sacos pela chaminé, salvando assim as meninas.

Marco queria acabar com a fé cristã, mandou queimar todas as igrejas e prender todos os cristãos que não iria renunciar a sua fé. É assim que Nicolau foi detido e preso.

Quando o Imperador Constantino, convertido à fé católica, libertou todos os cristãos e Nicolau era velho. Quando ele saiu da prisão, ele estava barbudo e vestindo suas roupas brancas e vermelhas, que se distinguiu como um bispo. No entanto, os longos anos de prisão não ter sua gentileza e bom humor.


Os cristãos da Alemanha tomaram a história dos três sacos de ouro fundido pela chaminé no dia de Natal e a imagem de Nicolau ao sair da cadeia, para tecer a história de Papai Noel, sorridente, gordinho velhinho, vestido de vermelho, desce pela chaminé no dia de Natal de presentes às crianças boas.


O nome do Papai Noel vem da evolução gradual do nome de São Nicolau: St. Nicklauss, St. Nick, St. Klauss, Santa Claus, o Papai Noel.


MEDITAÇÃO DE SANTO AFONSO - SOBRE O JUÍZO E O INFERNO

Sobre o Juízo

1.Considera que, logo que a alma tenha saído do corpo, será conduzida ao tribunal de Deus para ser julgada.O Juiz é um Deus Onipotente, ultrajado por ti, e sumamente irado.Os acusadores são os demônios, teus inimigos; o processo teus próprios pecados; a sentença é inapelável; a pena é o inferno.Ali não há companheiros, nem parentes, nem amigos; a causa será resolvida entre Deus e a tua alma.Então compreenderás a hediondez de teus pecados, e não poderás ser tão indulgente com eles, como agora o és.Responderá por teus pecados de pensamentos, palavras, obras, omissão, escândalo, respeitos humanos: tudo se há de pesar naquela grande balança da justiça divina, e se fores encontrado réu de culpa grave, uma só que seja, estarás perdido.Meu Jesus e meu Juiz, perdoai-me antes de me fazer comparecer em vosso tribunal!.

2.Considera que a justiça divina há de julgar a todos os homens no vale de Josaphat, quando no fim do mundo ressuscitar os corpos para receberem juntamente com as almas prêmio ou castigo, segundo os seus méritos.

Reflete que, se te condenares, tornarás a unir-te a este mesmo corpo, que servirá de prisão eterna á tua alma desgraçada.Naquele encontro desagradável a alma amaldiçoará o corpo, e o corpo por sua vez amaldiçoará a alma; de maneira que a alma e o corpo, que agora correm de mãos dadas em busca de prazeres lícitos, unir-se-ão, em que lhes pese, depois da morte, para ser verdugos um do outro.Ao contrário, se te salvares, esse teu corpo ressuscitará formosíssimo, impassível e resplandecente; e assim irás, em corpo e alma, gozar d vida bem-aventurada.Tal será o fim da cena deste mundo!Afundar-se-ão no nada todas as grandezas, prazeres e pompas mundanas.Tudo acabará: só ficarão as duas eternidades, uma de glória e outra de pena, uma ditosa e outra infeliz, uma de gozos, e outra de tormentos: no céu os justos, no inferno os pecadores.Desgraçado então o que tenha feito do mundo o seu ídolo, e pelos prazeres miseráveis desta terra tenha perdido tudo, alma, corpo, bem-aventurança e Deus!.

3.Considera a sentença eterna.O Juiz eterno, Jesus Cristo, voltar-se-á primeiro contra os réprobos, a quem dirás: "Ingratos, tudo se acabou para vós!Chegou a minha hora, hora de verdade e justiça, hora de indignação e vingança!Criminosos, amastes a maldição; caia sobre vós: sede malditos na eternidade: ide para o fogo eterno, privados de todos os bens e sob o peso de todos os males".Em seguida voltar-se-á para os escolhidos e dirá: "Vinde vós, meus filhos queridos, vinde possuir o reino dos céus, que vos está preparado.Vinde não já para levar a cruz em pós de Mim, mas para partilhar da minha coroa.Vinde como herdeiros de minhas riquezas e companheiros de minha glória.Vinde cantar eternamente minhas misericórdias.Vinde da terra do exílio á pátria, da miséria ao gozo, das lágrimas á alegria, do sofrimento ao descanso eterno".Meu Jesus, eu espero ser também um destes filhos afortunados.Amo-Vos sobre todas as coisas, abençoai-me desde este momento, e abençoai-me também vós, ó Maria minha querida Mãe!.

Fruto I.Farei todas as minhas ações como se devesse comparecer, na ocasião em que as executar, perante o tribunal divino a dar conta delas.

Fruto II.Exercitar-me-ei em obras de misericórdia espirituais e corporais, porque ao que as praticar prometeu Deus uma benção eterna no dia do juízo.


MEDITAÇÃO SOBRE O INFERNO


1.Considera que o inferno é uma prisão hedionda, cheia de fogo.Neste fogo estão submersos os condenados.Neste abismo de fogo que os rodeia por todos os lados, têm chamas na boca, nos olhos, em todas as partes do corpo.Cada sentido tem seu sofrimento próprio: os olhos são atormentados pelo fumo e pelas trevas, e horrorizados pela vista dos outros condenados e dos demônios; os ouvidos ouvem dia e noite contínuos clamores, prantos e blasfêmias.O olfato é atormentado pelo cheiro nauseabundo daqueles inumeráveis corpos corrompidos, e o paladar por ardentíssima sede e fome insaciável sem poder obter uma gota de água nem uma migalha de pão.Por isso aqueles encarcerados infelizes, abrasados pela sede, devorados pelo fogo, torturados por toda a espécie de sofrimentos, choram, clamam, desesperam-se; mas não há nem haverá quem os alivie e console.Ó inferno, inferno!Quantos há que se recusam a crer em ti até o momento em que caem em teus abismos!E tu, querido leitor, que dizes?Se houvesses de morrer agora, para onde irias?Tu, que não podes suportar o ardor de uma centelha de fogo que te salta á mão, poderás estar em um abismo de fogo que te abrase, abandonado de todos por toda a eternidade e sem lenitivo algum?


2.Considera em seguida a pena que tocará ás potências da alma.A memória será sempre atormentada pelos remorsos da consciência.Tal é aquele verme que sem cessar roerá o condenado ao pensar que se perdeu voluntariamente e por um prazer envenenado.Ó Deus!Como avaliará então aqueles momentos de prazer, depois de cem, depois de mil milhões de anos no inferno?Este verme recordar-lhe-á o tempo que Deus lhe deu para expiar suas culpas, os meios que lhe proporcionou para salvar-se, os bons exemplos dos companheiros, os propósitos feitos mas ineficazes.Então verá que já não há remédio para a sua eterna ruína.Ó Deus!Ó Deus!E como estes pensamentos agravarão o seu penar!A vontade estará sempre contrariada: nunca alcançará coisa alguma do que deseja, e sempre terá o que aborrece, isto é, todos os tormentos.O entendimento conhecerá o bem enorme que perdeu: a bem-aventurança e Deus.Meu Deus!meu Deus! Perdoai-me pelo amor de Jesus Cristo, vosso Filho.

3.Pecador, a quem por agora é indiferente perder o céu e perder a Deus, quando vires os bem-aventurados triunfarem e gozarem no reino dos céus, então tu, qual animal hediondo, serás excluídos daquela pátria ditosa e privado da visão beatífica de Deus, da companhia de Maria Santíssima, dos Anjos e dos Santos; conhecerá, ai!Tua espantosa cegueira, e dirás desesperado:"Ó Paraíso de eternas delícias: Ó Deus! Ó bem infinito! Já não sois nem jamais sereis meus! Desgraçado de mim!..." Eia, meu irmão, faze penitência, muda de vida, não te guardes para quando o tempo te faltar.Entrega-te a Deus, principia a amá-lo deverás.

Roga a Jesus, roga a Maria Santíssima que tenham piedade de ti.

Fruto I.Descontarei com alguma mortificação as penas que no inferno tenho merecido.

Fruto II.Quando experimentar algum dissabor, incomodo ou dor, direi a mim mesmo: "Lembra-te que tens merecido cair, e devias ser precipitado no inferno", e tudo sofrerei com paciência.