NOVENA DE NATAL - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

Na adoração do Menino Deus que acaba de
nascer, unem-se o Céu e a Terra: cantos
extasiados dos anjos, silêncio dos pastores,
êxtase terno e humilde de Maria e de José.
Explicação
Nesta santa noite de Natal, a Igreja celebra o
nascimento humano de Jesus, Filho de Deus,
Salvador do mundo, em Belém. Gerado
desde toda a eternidade pelo Pai, o Verbo
assumiu a nossa natureza humana no seio
da Virgem Maria, que lhe transmitiu,
realmente, a sua carne. Nasce num presépio.
Ele, que vem partilhar da nossa vida
humana, é Filho de Deus antes de o ser de
Maria e agora fica a ser, rigorosamente, uma
e outra coisa. A missa da noite sublinha este
duplo aspecto de grandeza divina e humilde
humanidade que constitui a própria essência
do mistério natalício.
* * *
1º Dia - 16 de dezembro
Deus nos deu seu Filho Unigênito por Salvador
Eu te constitui em luz para os gentios,
para que minha salvação chegue até os confins da terra. (Is. 49, 6)
Consideremos como o Pai eterno disse ao Menino Jesus no instante de sua concepção
estas palavras: Filho, eu te dei ao mundo como luz e vida das gentes, para que busques
sua salvação, que estimo tanto como se fosse a minha. É necessário, pois, que te
empenhes completamente em benefício dos homens. "Dado completamente aos homens,
e inteiramente entregue a suas necessidades". É necessário que ao nascer padeças
extrema pobreza, para que o homem se enriqueça; é necessário que sejas vendido como
escravo, para que o homem seja livre; é necessário que, como escravo, sejas açoitado e
crucificado, para pagar à minha justiça a pena devida pelos homens; é necessário que
sacrifiques sangue e vida, para livrar o homem da morte eterna. Fica sabendo, enfim, que
já não és teu, mas do homem. Pois um filho lhes nasceu, e um menino lhes foi dado.
Assim amado Filho meu, o homem voltará a amar-me a ser meu, vendo que te dou
inteiramente a ele, meu Filho Unigênito, e que já não me resta mais o que lhe possa dar.
Assim amou Deus - oh, amor infinito, digno somente de um Deus infinito - assim amou
Deus o mundo de tal forma, que lhe entregou seu Filho Unigênito. O Menino Jesus não se
entristeceu com esta proposta, mas, ao contrário, comprazeu-se nela e a aceitou com
amor e alegria: "como um esposo procedente de seu tálamo, exultou como gigante a
percorrer seu caminho" (Ps. 18,6). E desde o primeiro momento de sua encarnação se
entregou por completo ao homem e abraçou com gosto todas as dores e ignomínias que
havia de sofrer na terra por amor dos homens. Esses foram, segundo São Bernardo, as
colinas e vales que com tanta pressa devia atravessar Jesus Cristo, segundo o Cântico
dos Cânticos, para salvar os homens. Ei-lo que vem saltando pelas montanhas, brincando
pelas colinas.
Reflitamos aqui como o Pai, enviando-nos seu Filho para ser nosso Redentor e para selar
a paz entre Ele e os homens, obrigou-se de certo modo a perdoar-nos e a amar-nos, em
razão do pacto que fez de receber-nos em sua graça, posto que o Filho satisfaz por nós a
justiça divina. Por sua vez, o Verbo divino, tendo aceito a missão que lhe foi dada pelo
Pai, o qual, enviando-o para redimir-nos no-lo deu, obrigou-se também a amar-nos, não
por nossos méritos, mas para cumprir a piedosa vontade de seu Pai.
† Reza-se o Terço ...
Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Amado Jesus, se é verdade, como diz a lei, que o domínio se adquire com a doação, Vós
sois nosso, por vos ter vosso Pai entregue a nós. Por isso podemos com razão exclamar:
Deus meu e meu tudo. E já que sois nosso, nossas são vossas coisas, como nos afirma o
Apóstolo: "Como não nos dará, juntamente com seu Filho todas as coisas ?" Nosso é
vosso sangue, nossos vossos méritos, nossa a vossa graça, nosso vosso paraíso. E se
sois nosso, quem jamais poderá separar-nos de Vós? Ninguém poderá tirar-me Deus,
exclamava jubiloso Santo Antônio Abade. Assim queremos exclamar daqui em diante.
Apenas por nossas culpas podemos perder-vos e separar-nos de Vós, mas, Jesus, se no
passado vos deixamos e perdemos, agora nos arrependemos com toda a alma e nos
resolvemos a perder tudo, mesmo a vida, antes que vos perder, bem infinito e único amor
de nossas almas.
Damo-vos graças, Padre eterno, por nos terdes dado vosso Filho, e em troca de o terdes
dado por completo a nós, entregamo-nos inteiramente a Vós. Por amor desse mesmo
Filho, aceitai-nos e apertai-nos com laços de amor a nosso Redentor, de modo que
possamos exclamar: "Quem nos apartará do amor de Cristo ?".
Salvador nosso, já que sois todo nosso, tomai-nos todos para Vós; disponde de nós e de
nossas coisas como vos agrade. Como poderemos negar alguma coisa ao Deus que não
nos negou nada, nem seu sangue nem sua vida ?
Maria, nossa Mãe, guardai-nos com vossa proteção. Não queremos pertencer-nos mais,
mas inteiramente a Nosso Senhor. Lembrai-vos de fazer-nos fiéis. Em vós confiamos.
Cântico: Adeste, Fideles
2º Dia - 17 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Aflição do coração de Jesus no seio de Maria
Hóstias e oblações não quisestes, mas formastes-me um corpo. (Hebr. 10,5)
Considera a grande amargura com que devia sentir-se afligido e oprimido o coração do
Menino Jesus no seio de Maria, naquele primeiro instante em que o Pai lhe propôs a série
de desprezos, trabalhos e agonias que havia de sofrer em sua vida para libertar os
homens de suas misérias: "Pela manhã chama a meus ouvidos..., não retrocedi...,
entreguei meu corpo aos que me feriam" (Is. 50, 4-6). Assim falou Jesus pela boca do
Profeta: "Pela manhã...", quer dizer, desde o primeiro instante de minha concepção, meu
Pai me fez compreender sua vontade: que eu tivesse uma vida de sofrimento e fosse,
finalmente, sacrificado na cruz; "não retrocedi; entreguei meu corpo aos que me feriam". E
tudo aceitei pela salvação das almas e, desde então, entreguei meu corpo aos açoites,
aos cravos, e à morte.
Pondera então quanto padeceu Jesus Cristo em sua vida e em sua paixão; tudo lhe foi
posto ante os olhos desde o seio de sua Mãe e tudo Ele abraçou com amor; mas, ao
consentir nessa aceitação e vencer a natural repugnância dos sentidos, quanta angústia e
opressão não teve que sofrer o inocente Coração de Jesus! Conhecia bem o que
primeiramente tinha que padecer; os sofrimentos e opróbrios do nascimento numa fria
gruta, estábulo de animais; os trinta anos de trabalho como artesão; o considerar que
seria tratado pelos homens como ignorante, escravo, sedutor e réu da morte mais infame
e dolorosa que se reservava aos criminosos.
Tudo aceitou nosso amável Redentor a cada momento, e a cada momento em que o
aceitava, padecia reunidas todas as penas a abatimentos que depois padeceria até sua
morte. O próprio conhecimento de sua dignidade divina contribuía para que sentisse mais
as injúrias recebidas dos homens: "Tenho sempre presente a minha ignomínia".
Continuamente teve diante dos olhos sua vergonha, especialmente a confusão que
sentiria ao ver-se um dia despido, açoitado, pregado com três cravos de ferro, entregando
assim sua vida entre vitupérios e maldições daqueles que se beneficiavam com sua
morte. "Feito obediente até a morte e morte de cruz" (Phil. 2,8) e para quê ? Para salvarnos,
a nós, míseros e ingratos pecadores.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Amado Redentor nosso, quanto vos custou desde que entrastes no mundo, tirar-nos do
abismo em que nosso pecados nos haviam submergido. Para livrar-nos da escravidão do
demônio, ao qual nós mesmos nos vendemos voluntariamente, aceitastes ser tratado
como o pior dos escravos; e, nós que o sabíamos, tantas vezes tivemos a ousadia de
amargurar vosso amabilíssimo Coração, que tanto nos amou. Mas já que Vós, nosso
Deus, sendo inocente, aceitastes vida e morte tão penosas, aceitamos por vosso amor,
Jesus, todas as dores que nos venham de vossas mãos. Aceitamo-las e abraçamo-las
porque procedem daquelas mãos transpassadas um dia para livrar-nos do inferno, que
tantas vezes merecemos. Vosso amor, nosso Redentor, ao oferecer-vos para sofrer tanto
por nós, obriga-nos a aceitar por Vós qualquer pena e desprezo. Dai-nos a aceitar por
Vós qualquer pena e desprezo. Dai-nos, Senhor, por vossos méritos, vosso santo amor,
que nos torna doces todas as dores e todas as ignomínias. Amamo-vos acima de todas
as coisas, amamo-vos com todo o coração, amamo-vos mais que a nós mesmos. Vós, em
vossa vida, nos destes tantas e tão grandes provas de afeto e nós, ingratos, que prova de
amor vos damos? Fazei, pois, ó nosso Deus, que durante os anos que nos restam de vida
vos demos alguma prova de amor. Não nos atreveríamos, no dia do juízo, a comparecer
diante de Vós tão pobres como somos agora e sem fazer nada por vosso amor; mas que
podemos fazer sem vossa graça? Apenas rogar-vos que nos socorrais, e ainda essa
nossa súplica é graça vossa. Oh, Jesus, socorrei-nos pelo mérito de vossas dores e do
sangue que derramastes por mim.
Maria Santíssima, recomendai-nos a Vosso Filho, já que por nosso amor o tivestes em
vosso seio. Lembrai-vos que somos daquelas almas por quem morreu vosso Filho.
Cântico: Adeste, Fideles
3º Dia - 18 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Jesus faz-se Menino para conquistar nossa confiança e nosso
amor
Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. (Is. 9,6)
Consideremos como depois de tantos séculos, depois de tantas orações e pedidos, veio,
nasceu e se deu todo a nós o Messias, que não foram dignos de ver os santos patriarcas
e profetas; o desejado pelos gentios, o desejado pelas colinas eternas, nosso Salvador:
"Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado". O Filho de Deus se fez pequeno para
fazer-nos grandes: deu-se a nós para que nos déssemos a Ele; veio mostrar-nos seu
amor, para que lhe déssemos o nosso. Recebamo-lo, pois com afeto, amemo-lo e
recorramos a Ele em todas as nossas necessidade. As crianças, diz São Bernardo,
facilmente concedem o que se lhes pede. Jesus veio como criança, para mostrar-nos que
está disposto a dar-nos todos os seus bens. "No qual se acham todos os tesouros" (Col.
2,3). "O Pai...entregou tudo em suas mãos" (Jo. 3,35). Se queremos luz, Ele veio para nos
iluminar; se queremos força para resistir aos inimigos, Ele veio para nos fortalecer; se
queremos o perdão e a salvação, Ele veio precisamente para nos perdoar e nos salvar; se
queremos, em uma palavra, o supremo dom do amor divino, Ele veio para nos abrasar; e,
para isto, sobretudo, se fez menino e quis apresentar-se a nós pobre e humilde, para
parecer mais amável, para tirar-nos todo o temor e conquistar nosso afeto: "Assim devia
vir quem quis desterrar o temor e buscar a caridade", diz São Pedro Crisólogo.
Além disso, Jesus Cristo quis vir criança, para que o amássemos não só com amor
apreciativo, mas com amor terno. Todas as crianças sabem conquistar para si afetuoso
carinho daqueles que a rodeiam e, quem não amará com ternura seu Deus, vendo-o
criancinha, com frio, pobre, humilhado e abandonado, que chora sobre as palhas de um
presépio?
Vinde amar Deus feito menino e feito pobre, e que é tão amável que desceu do céu para
entregar-se por completo a nós.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Ó amável Jesus, tão desprezado por nós! Descestes do céu para resgatar-nos do inferno
e dar-vos por completo a nós, como pudemos tantas vezes, voltar-vos as costas, ó Deus!
Os homens são tão gratos às criaturas que se alguém lhes dá um presente, se lhes envia
um cumprimento, se lhes dá qualquer prova de afeto, não se esquecem e se sentem
forçados a corresponder. E, pelo contrário, são tão ingratos convosco, que sois seu Deus,
e tão amável que por seu amor não recusastes dar o sangue e a vida. Mas, ai de nós, nós
fomos ainda piores que os outros, porque fomos mais amados e mais ingratos. Ah! Se as
graças que nos destes, as tivesses dado a um herege, a um idólatra, talvez se tivessem
santificado, e nós vos ofendemos. Por favor, não vos lembreis, Senhor, das injúrias que
vos fizemos. Dissestes que, quando um pecador se arrepende, esquecei-vos de todos os
pecados cometidos: "Nenhum dos pecados que cometeu lhe será recordado" (Ez. 18, 22).
Se no passado não nos amamos, no futuro não queremos senão vos amar. Já que vos
destes completamente a nós, damo-vos em troca toda a nossa vontade; com ela vos
amamos e que vos amamos queremos repetir para sempre. Queremos viver repetindo-o e
repetindo-o morrer, para começarmos desde o instante que entramos na eternidade a
amar-vos com um amor contínuo que durará eternamente. Entretanto, Senhor, nosso
único bem e único amor, propomo-nos a antepor vossa vontade a todos os nossos
prazeres. Por nada queremos deixar de amar quem nos amou tanto; não queremos mais
desgostar a quem devemos amor infinito. Secundai, Jesus, nosso desejo com vossa
graça.
Rainha nossa, Maria, reconhecemos que todas as graças recebidas de Deus são devidas
à vossa intercessão; continuai a interceder por nós, alcançai-nos a perseverança, vós que
sois a Mãe de todas as graças.
Cântico: Adeste, Fideles
4º Dia - 19 de dezembro
Cântico: Puer Natus
A paixão de Jesus Cristo durou toda sua vida
Minha dor está sempre diante de mim. (Ps. 37,18)
Consideremos como naquele primeiro instante em que foi criada e unida a alma de Jesus
Cristo a seu corpo, no seio de Maria, o Padre Eterno mostrou a seu Filho sua vontade de
que morresse pela redenção do mundo; e naquele mesmo instante lhe mostrou todas as
penas que devia sofrer até a morte para redimir os homens. Mostrou-lhe então todos os
trabalho, desprezos e pobreza que devia padecer em sua vida, tanto em Belém como no
Egito e em Nazaré, e depois todas as dores e ignomínias da paixão: açoites, espinhos,
cravos e cruz; todos os tédios, tristezas, agonias e abandonos no meio dos quais havia de
terminar sua vida no Calvário.
Abrão, conduzindo seu filho à morte, não quis afligi-lo dizendo-lhe antecipadamente que
morreria, e isso no pouco tempo que era necessário para chegar ao monte. Mas o Eterno
Pai quis que seu Filho encarnado, destinado como vítima de nossos pecados à sua
justiça, padecesse imediatamente, pelo conhecimento delas, todas as penas a que depois
teria que sujeitar-se durante sua vida e em sua morte. Daí, a tristeza padecida por Jesus
no Horto, capaz de tirar-lhe a vida, como ele declarou: "Minha alma está triste até a
morte" (Mt. 26,38), padeceu-a também constantemente desde o primeiro momento em
que esteve no seio de sua Mãe. Assim, desde então sentiu vivamente e sofreu o peso
reunido de todas as dores e vitupérios que O esperavam.
A vida inteira e todos os anos de nosso Redentor foram cheios de penas e lágrimas: "Na
dor se consome minha vida, e em soluços meus anos" (Ps. 30,11). Seu divino Coração
não teve um momento livre de sofrimentos; quer vigiasse ou dormisse, quer trabalhasse
ou descansasse, rezasse ou falasse, sempre tinha diante dos olhos essa amarga
representação, que atormentava mais sua santíssima Alma do que atormentaram aos
santos mártires todas as suas penas. Eles padeceram, mas, ajudados pela graça divina,
padeceram com alegria e fervor. Jesus Cristo sofreu, mas sofreu sempre com o coração
cheio de tédio e tristeza, e tudo aceitou por nosso amor.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Ó doce, ó amável, ó amante Coração de Jesus, assim desde menino fostes amargurado e
agonizáveis no seio de Maria ? Tudo isto sofrestes, Jesus, para satisfazer pela pena e
agonia eterna que nos cabia padecer no inferno por nosso pecados. Vós pois, padecestes
sem nenhum alívio para salvar-nos, depois de nós termos nos atrevido a abandonar a
Deus e voltar-lhe as costas, para satisfazer nossos gostos miseráveis. Graças vos damos,
Coração amante e aflito de Nosso Senhor. Agradecemo-vos e nos compadecemos de
Vós ao considerar que padecestes tanto pelos homens e que estes não se compadecem
de Vós. Como são grandes o amor de Deus e a ingratidão dos homens. Ó Redentor
nosso, como são poucos os homens que pensam em vossas dores e em vosso amor. Ó
Deus, como são poucos os que vos amam. E desgraçados de nós que também vivemos
tantos anos sem lembrarmo-nos de Vós! Vós padecestes tanto para que vos amássemos
e não vos amamos. Perdoai-nos, Jesus, perdoai-nos que queremos nos emendar e
queremos vos amar. Pobres de nós, Senhor, se resistirmos à Vossa graça e por nossa
resistência nos condenarmos. Quantas misericórdias usastes conosco e especialmente
vossa voz que agora nos convida a amar-vos, seriam nossas maiores penas no inferno.
Amado Jesus, tende piedade de nós, não permitais que vivamos mais ingratos a vosso
amor; dai-nos luz e força para vencer tudo e para cumprir vossa vontade. Escutai-nos,
rogamo-vos, pelos méritos de vossa Paixão.
De Vós esperamos tudo e de vossa intercessão, ó Maria. Querida Mãe, socorrei-nos, Vós
que nos alcançastes todas as graças que recebemos de Deus; continuai a nos ajudar,
pois se não o fazeis seremos infiéis, como o fomos no passado. Vós sois toda a nossa
esperança e toda a razão de nossa confiança.
Cântico: Adeste, Fideles
5º Dia - 20 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Jesus Cristo se ofereceu desde o princípio por nossa salvação
Foi imolado, porque Ele mesmo quis. (Is. 53,7)
O Verbo divino, desde o primeiro instante em que se viu feito homem e criança no seio de
Maria, se ofereceu por si mesmo às penas e à morte para resgate do mundo. Sabia que
todos os sacrifícios dos cordeiros e dos touros oferecidos a Deus na Antigüidade não
tinham podido satisfazer pelas culpas dos homens, mas que era necessário que uma
pessoa divina satisfizesse por eles o preço de sua redenção. Pelo que disse, como afirma
o Apóstolo: "Não quiseste hóstia nem oblação, mas me formaste um corpo. Então eu
disse; Eis-me aqui presente" (Heb. 10,5). Meu Pai, disse Jesus Cristo, todas as vítimas
que vos foram oferecidas até agora não bastam nem bastarão para satisfazer vossa
justiça; destes-me um corpo passível para que com a efusão de meu sangue vos aplaque
e salve os homens: eis-me aqui presente, "ecce venio", tudo aceito e tudo submeto a
vossa vontade.
A parte inferior de sua vontade experimentava, naturalmente, repugnância e recusava-se
a viver e a morrer entre tantas dores e opróbrios, mas venceu a parte racional, que estava
completamente subordinada à vontade do Pai, e aceitou tudo, começando Jesus a
padecer desde aquele instante, todas as angústias e dores que sofreria nos anos de sua
vida, assim agiu nosso divino Redentor desde os primeiros instantes de sua entrada no
mundo.
E como nos portamos nós com Jesus Cristo, desde que, chegados ao uso da razão,
começamos a conhecer, com as luzes da fé, os sagrados mistérios da redenção? Que
pensamentos, que desígnios, que bens temos amado? Prazeres, passatempos, soberbas,
vinganças, sensualidade, eis os bens que aprisionaram os afetos de nosso coração. Mas,
se temos fé, mudemos de vida e de amores; amemos a um Deus que tanto padeceu por
nós. Lembremo-nos das penas que o Coração de Jesus padeceu por nós desde criança,
e assim não poderemos amar senão esse Coração, que tanto nos amou.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Senhor nosso, quereis saber como nos portamos convosco em nossa vida? Desde que
começamos a ter o uso da razão começamos a menosprezar vossa graça e vosso amor.
Mas melhor que nós o sabeis vós e, apesar disso, nos suportastes porque nos amais
muito. Fugíamos de Vós, e vós vos aproximastes chamando-nos. Aquele mesmo amor
que vos fez baixar do céu para buscar as ovelhas perdidas, fez com que nos
suportásseis. Jesus, agora nos buscais e nós vos buscamos. Percebemos que vossa
graça nos assiste; assite-nos com a dor de nossos pecados, que odiamos mais que todos
os outros males; assisti-nos com o desejo que temos de vos amar e de vos dar gosto. Sim
Senhor nosso, queremos amar-vos e tanto quanto possamos. Certo que tememos por
nossa fragilidade e debilidade contraídas por causa de nossos pecados, mas muito amor
é a confiança que vossa graça nos infunde, fazendo-nos esperar em vossos méritos e
dando-nos grande ânimo para exclamar: "Tudo posso naquele que me conforta" (Phil.
4,13). Se somos débeis, Vós nos dareis força contra nossos inimigos; se estamos
enfermos, esperamos que vosso sangue seja nossa medicina; se somos pecadores,
confiamos em que nos santificareis. Confessamos que no passado cooperamos com
nossa ruína porque deixamos de recorrer a Vós nos perigos. De hoje em diante, Deus e
esperança nossa, a Vós queremos recorrer e de Vós esperamos toda ajuda e todo o bem.
Amamos-vos sobre todas as coisas e nada queremos amar fora de vós. Ajudai-nos, por
piedade, pelo mérito de tantos sofrimentos que desde o princípio sofrestes por nós.
Eterno Pai, por amor de Jesus Cristo, aceitai que vos amemos. Se vos iramos, aplacaivos
ao ver as lágrimas do menino Jesus, que vos roga por nós: "Põe teus olhos na face
de teu ungido" (Ps. 83,10). Não merecemos graças, mas merece-as esse Filho inocente,
que vos oferece uma vida de penas para que sejais conosco misericordioso.
E Vós, Maria, Maria, Mãe Misericordiosa, não deixeis de interceder por nós; sabeis quanto
confiamos em Vós, e sabemos bem que não abandonais a quem recorre a Vós.
Cântico: Adeste, Fideles
6º Dia - 21 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Jesus no seio de Maria
Sou contado entre os que descem à cova,
tornei-me como um homem sem força. (Ps. 87,5)
Consideremos a vida penosa por que passou Jesus Cristo no seio de sua Mãe. Era livre,
porque se tinha feito voluntariamente prisioneiro de amor, mas o amor o privava do uso da
liberdade e o mantinha em cadeias tão apertadas que não podia mover-se. Ó grande
paciência do Salvador! Ao pensar nas penas de Nosso Senhor ainda no seio de sua Mãe.
Vejamos a que se reduz o Filho de Deus por amor dos homens: priva-se de sua liberdade
e se encadeia para livrar-nos das cadeias do inferno. Muito, pois, merece ser reconhecida
com gratidão e amor a graça de nosso libertador e fiador, que, não por obrigação, mas
por afeto, se ofereceu para pagar e pagou nossas dívidas e nossas penas, dando por elas
sua vida: "Não te esqueças do benefício que te fez o que ficou por teu fiador, porque ele
expôs a sua vida por ti"(Eccli. 29,20).
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
"Não te esqueças do benefício que te fez o que ficou por teu fiador".Sim, ó Jesus, com
razão nos adverte o Profeta de que não nos esqueçamos da imensa graça que nos
fizeste. Nós éramos devedores e réus, e, Vós inocente. Vós, nosso Deus, quisestes
satisfazer por nossos pecados com vossas penas e com vossa morte. E depois
esquecemos esta graça e vosso amor e nos atrevemos a voltar-vos as costas, como se
não fosseis nosso Senhor, o Senhor que nos amou tanto. Mas, se no passado o
esquecemos, não queremos, Redentor nosso, esquecer-vos no futuro. Vossas penas e
vossa morte serão nosso contínuo pensamento, e elas nos recordarão sempre o amor
que nos tivestes. Maldizemos os dias em que, esquecidos de quanto sofrestes por nós,
abusamos lamentavelmente da liberdade que nos destes para amar-vos e empregamos
em desprezar-vos. Essa liberdade que nos destes, hoje vo-la consagramos. Livrai-nos, ó
Jesus, da desgraça de ver-nos de novo separados de Vós e feitos escravos do demônio.
Prendei a vossos pés nossas almas a fim de que não nos separemos mais de vós. Padre
Eterno, pelo cativeiro que o Menino Jesus padeceu no seio de Maria, livrai-nos das
cadeias do demônio e do inferno.
E Vós, Mãe de Deus, socorrei-nos. Carregai-nos aprisionados e estreitados ao Filho de
Deus. Pois, já que Jesus é vosso prisioneiro, fará tudo o que mandardes. Dizei-lhe que
nos perdoe e que nos faça santo. Ajudai-nos, nossa Mãe, pela graça e honra que vos fez
Jesus Cristo de habitar nove meses em vosso seio.
Cântico: Adeste, Fideles
7º Dia - 22 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Dor que causou a Jesus Cristo a ingratidão dos homens
Veio para o que era seu e os seus não o receberam. (Jo. 1,11)
Em certo Natal andava São Francisco pela floresta e pelos caminhos gemendo e
suspirando, e, ao perguntarem-lhe a causa de sua tristeza, respondeu: "Como quereis
que não chore vendo que o amor não é amado? Vejo Deus inebriado de amor pelos
homens e os homens tão ingratos para com esse Deus". Se tanto afligia essa ingratidão
dos homens a São Francisco, consideremos quanto mais afligirão ao Coração de Jesus.
Tão logo foi concebido no seio de Maria viu a cruel correspondência que havia de receber
dos homens. Tinha vindo do céu para atear o fogo do amor divino, e esse desejo o tinha
feito descer à terra e sofrer um abismo de penas e ignomínias: "Vim trazer o fogo à terra e
que quero senão que se ateie?" (Lc. 12,49). E depois via o abismo de pecados que
cometeriam os homens apesar de terem sido testemunhas de tantas provas de seu amor.
Esse foi, disse São Bernardino de Sena, o que lhe fez padecer uma dor infinita. Ainda
entre nós, quando alguém se Vê tratado ingratamente por outro é uma dor insuportável,
pois a ingratidão freqüentemente aflige a alma mais que outra dor ao corpo. Que dor,
pois, ocasionaria a Jesus, que era nosso Deus, ver que, por nossa ingratidão, seus
benefícios e seu amor seriam pagos com desgostos e injúrias? "Deram-me males em
troca de bens e ódio em troca do amor que eu lhes tinha". (Ps. 108,5). E ainda hoje se
lamenta Jesus Cristo: "Fui um estrangeiro para meus irmãos" (Ps. 68,9), pois vê que não
é amado nem conhecido de muitos, como se não lhes tivesse feito bem nenhum nem
tivesse sofrido nada por seu amor.
Ó meu Deus, que caso fazemos, mesmo os cristãos, do amor de Jesus Cristo? Apareceu
um dia Ele ao Beato Henrique Suso como um peregrino que mendigava de porta em
porta, sendo sempre posto fora com injúrias. Quantos são semelhantes àqueles de quem
falou Jó: "Eles diziam a Deus: Retira-te de nós, e julgavam o Onipotente, como se não
pudesse fazer nada; sendo que ele cumulou de bens as suas casas"(Job,22,17). Nós,
ainda que no passado nos tenhamos unido a esses ingratos, queremos continuar com
nossa ingratidão no futuro? Não, porque não o merece aquele amável Menino que veio do
céu padecer e morrer por nós para que o amássemos.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Senhor Jesus, que descestes do céu para que nós vos amássemos, tomando uma vida
cheia de trabalho e a morte numa cruz, como pudemos tantas vezes dizer-vos: "Retiraivos
de nós", não vos queremos, ó nosso Deus, se não fôsseis bondade infinita nem
tivésseis dado a vida para perdoar-nos, não nos atreveríamos a pedir-vos perdão; mas
sabemos que Vós mesmo nos quereis dar a paz: "Convertei-vos a mim, diz o Senhor
Deus dos exércitos e eu me voltarei para Vós" (Zach. 1,3). Vós mesmo, Jesus, que sois o
ofendido, intercedeis por nós. Não queremos, pois, ofender-vos ainda uma vez,
desconfiados de vossa misericórdia. Arrependemo-nos com toda a alma de vos ter
desprezado, meu sumo Bem. Dignai-vos receber-nos em vossa graça pelo sangue
derramado por Vós. "Pai, não sou digno de ser chamado teu filho" (Lc.15,21). Não, nosso
Redentor e Pai, não somos dignos de ser vossos filhos, porque tantas vezes renunciamos
ao vosso amor; mas Vós nos tornais dignos com vossos merecimentos. Que só o
pensamento da paciência com que suportastes nossos pecados durante tantos anos e
das graças que nos concedestes, depois de todas as injúrias que vos fizemos, faça-nos
viver ardendo nas chamas de vosso amor. Vinde, pois, Senhor, que não vos
expulsaremos mais, vinde habitar nosso pobre coração. Amamo-vos e queremos amarvos
para sempre, e Vós abrasai-nos sempre mais, com a lembrança do amor que nos
tivestes.
Cântico: Adeste, Fideles
8º Dia - 23 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Amor de Deus aos homens no nascimento de Jesus
Porque apareceu a graça de Deus nosso Salvador a todos os homens, ensinandonos
que renunciando à impiedade... vivamos piedosamente no presente século,
aguardando a esperança bem-aventurada e a vinda gloriosa do grande Deus e
Salvador Nosso Senhor Jesus Cristo. (Tit. 2, 12-14)
Consideremos que a graça salvadora de Deus que se manifestou a todos os homens foi o
profundíssimo amor de Jesus Cristo aos homens. Esse amor, embora tenha sido da parte
de Deus sempre idêntico, nem sempre foi igualmente manifesto.
Antes fora prometido muitas profecias e encoberto sob o véu de muitas figuras. Mas, no
nascimento do Redentor, deixou-se ver claramente, aparecendo aos homens o Verbo
eterno como menino deitado sobre o feno, gemendo e tremendo de frio, começando já
assim a satisfazer pelas penas que merecíamos e dando-nos a conhecer o afeto que nos
tinha, sacrificando por nós a vida: "Nisto conhecemos a caridade de Deus, porque Ele deu
sua vida por nós". Manifestou-se, pois, a graça salvadora de Deus, e manifestou-se a
todos os homens. Mas porque não o conheceram todos e ainda hoje há tantos que,
podendo, não o conhecem? Porque "a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as
trevas que a luz" (Jo. 3,19). Não o conheceram nem o conhecem porque não querem
conhecê-lo e amam mais as trevas do pecado do que a luz da graça. Não pertençamos
ao número desses infelizes. Se até aqui temos fechado os olhos à luz, pensando pouco
no amor de Jesus Cristo, procuremos, até o fim de nossa vida, ter sempre ante os olhos
os sofrimentos e a morte de nosso Redentor, para amar a quem tanto nos amou:
"Aguardando a bem-aventurada esperança e a vinda gloriosa do grande Deus e Salvador
Nosso Jesus Cristo" (Tit. 2,13).
Assim poderemos confiar fundadamente, segundo as divinas promessas, alcançar aquele
paraíso que Jesus Cristo nos conquistou com seu sangue. Nesta primeira manifestação
vem Jesus Cristo como menino, pobre e desprezado, nascido num estábulo, coberto de
pobres panos e reclinado na palha, mas na segunda aparição virá sobre um trono de
majestade: "E verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e
majestade" (Mt. 24,30). Feliz naquela hora quem não o tenha odiado ou desprezado.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Óh, Santo Menino, agora vos contemplamos sobre a palha, pobre, aflito e abandonado;
mas sabemos que vireis um dia para julgar-nos sobre esplendoroso trono, rodeado de
anjos. Perdoai-nos antes de julgar-nos. Então sereis um juiz rigoroso, mas agora sois
nosso Redentor e nosso Pai misericordioso. Ingratos fomos, não vos conhecendo por não
querer conhecer-vos, e em vez de pensar em amar-vos, considerando o amor que nos
tivestes, só pensamos em satisfazer nosso apetite, desprezando vossa graça e vosso
amor. Em vossas mãos pomos nossa alma, que tantas vezes nos esforçamos por perder,
para que Vós as salveis. "Em tuas mãos entrego meu espírito: tu me livrarás. Senhor,
Deus de Verdade" (Ps. 30,6). Em Vós deposito minhas esperanças, pois seis que, para
resgatar-me do inferno, destes sangue e vida. Tu me livrarás, Senhor, Deus de Verdade.
Não me fizestes morrer quando eu estava em pecado e me esperastes com tanta
paciência para que, entrando em mim, me arrependesse de vos ter ofendido, começasse
a amar-vos e assim pudésseis perdoar-me e salvar-me. Sim, meu Jesus, quero agradarvos;
arrependo-me de todo o mal e desgosto que vos tenho causado. Salvai-me por vossa
misericórdia e seja minha salvação amar-vos sempre nesta vida e por toda a eternidade.
Minha amada Mãe, recomendai-me a vosso Filho, fazei-o ver que sou servo vosso e que
em Vós pus minha esperança, pois Ele vos ouve e não vos nega nada.
Cântico: Adeste, Fideles
9º Dia - 24 de dezembro
Cântico: Puer Natus
Viagem de São José e de Maria Santíssima a Belém
Subiu também José para inscrever-se no censo com Maria,
sua esposa, que estava prestes a dar à luz. (Lc.10,5)
Tinha Deus decretado que seu Filho nascesse nem sequer na casa de José, mas numa
gruta, num estábulo, do modo mais pobre e penoso que possa nascer uma criança; já
para isso dispôs que César Augusto publicasse um édito no qual ordenava que fossem
todos recensear-se em sua cidade natal. José, ao ter notícia dessa ordem, certamente
hesitou sobre deixar ou levar consigo Maria Santíssima, próxima de dar à luz, uma vez
que não tinha riqueza para proporcionar-lhe uma viagem conveniente, nem queria, por
outro lado, deixá-la sozinha e sem amparo.
Sabia, contudo, Maria que, como anunciara o profeta Miquéias, devia o Salvador nascer
em Belém; por isso, tomando os panos e roupas que preparara para seu Filho, partiu Ela
com José, pobremente, em tempo de inverno, prestes a dar à luz, para submeter-se à
vontade de Deus.
Una-nos a eles, e através das penas e dores da nossa viagem por esta vida, louvemos a
Deus, sejamos-lhe gratos, pedindo-lhe apenas que esteja sempre conosco Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Peçamos a José e a Maria que pelo mérito das penas padecidas em sua viagem, nos
acompanhem na viagem que estamos fazendo para a eternidade.
† Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
Meu amado Redentor, acompanhado na terra apenas por José e Maria, ao ir a Belém,
permiti-me que vos acompanhe também eu, Vós descestes do céu para ser meu
companheiro na terra, e eu tantas vezes já vos abandonei ofendendo-vos ingratamente.
Quando penso que, tantas vezes, para seguir minhas malditas inclinações, separei-me de
Vós, renunciando a vossa amizade, quisera morrer de dor. Vós viestes para perdoar-me;
assim, pois, perdoai-me imediatamente, pois com toda a alma me arrependo de vos ter
dado tantas vezes as costas e abandonado. Proponho e espero, com vossa graça, não
vos deixar mais nem separar-me mais de Vós. Uni-me, estreitai-me com os suaves laços
de vosso santo amor, meu Redentor e meu Deus.
Maria Santíssima, venho acompanhar-vos em vossa viagem; não deixeis de assistir-me
na que estou fazendo para a eternidade. Assisti-me sempre e, especialmente, quando me
achar no fim de minha vida, próximo ao instante de que depende estar sempre convosco
para amar a Jesus no paraíso, ou estar sempre longe de vós, para odiar a Jesus no
inferno. Minha Rainha, salvai-me por vossa intercessão, e seja a minha salvação amarvos,
a vós e a Jesus, para sempre, no tempo e na eternidade. Sois minha esperança; em
vós confio.
Cântico: Adeste, Fideles

A pureza dispõe o intelecto, como espelho limpo, a receber luz abundante de Deus.

‘ANTES DA ORAÇÃO PREPARA A TUA ALMA, E NÃO SEJAS COMO QUEM TENTA A DEUS’
(Eclesiástico 18, 23)


EMENTA - Se, quando te apresentas diante de uma pessoa de respeito, preparas bem o que deves dizer, por que não deverias agir assim, e com muito maior respeito ainda, quando te apresentas diante de Deus?
‘Não digas nada inconsideradamente, nem o teu coração se apresse a proferir palavras diante de Deus’ (Eclesiastes 5, 1).
A pureza dispõe o intelecto, como espelho terso [limpo], a receber luz abundante de Deus. A mortificação dispõe a vontade, como um vaso vazio para receber abundantemente aqueles gozos espirituais que Deus nega a quem não lhe sacrifica os prazeres dos sentidos.
Procura descobrir qual o defeito que mais te domina, qual é a dívida que mais te obriga, e dirige a oração em tal sentido. Como te enganarias não fazendo esse estudo contínuo sobre ti mesmo!
‘Não te envergonhes de conservar-te justo até a morte’ (Ecles. 18, 22).
Se não és daqueles poucos que têm sempre o coração aceso de amor atual para com o Senhor, deves apresentar ao teu coração alguma coisa para despertá-lo, para pôr-te em oração porque a oração não consiste no hábito, mas no ato.
É, pois, claro que antes de pôr-te em oração, deves ter idéias claras e bem estabelecidas acerca do sentido e do fim de tua oração.
*** *** ***



I - Há dois modos de tentar a Deus: um expresso, outro tácito.
O expresso seria se o homem deixasse de fazer o que deve de sua parte, para ver até onde chegará a piedade, a ciência, o poder de seu Senhor em socorrê-lo.
O tácito seria se o homem não tivesse por fim direto de sua negligência tentar a Deus, mas proceder de fato como se a tivesse. É muito raro que alguém deixe de se preparar para a oração com a intenção expressa de tentar a Deus, isto é, que o faça para ver (‘testar’) se Deus, mesmo assim, lhe comunica igualmente luzes internas. Por isso o nosso texto não diz diretamente: ‘e não tentes a Deus’; mas não é raro que haja quem deixa de preparar-se [para a oração], exigindo praticamente de Deus a mesma coisa, mesmo sem a querer diretamente. Por isso o nosso texto diz mais diretamente: ‘e não sejas como o homem que tenta a Deus’. Aqui, pois, se trata de um tentar tácito, implícito ou interpretativo.
Com efeito, o que fazes realmente quando chegas à presença divina, sem nenhuma preparação, senão confiar inteiramente na ventura [no acaso]? Deus quer que, mesmo na oração, não deixes de fazer tudo o que podem as tuas forças. Não te admires se na oração te encontres árido, distraído. A culpa é tua. Em vez de fazer como muitos, que se preparam convenientemente, tu não cuidas da preparação — ou por distração ou por não tê-la nunca aprendido. Todavia te persuades de que Deus estará presente e corresponderá à tua oração. Não é uma espécie de presunção?
Se, quando te apresentas diante de uma pessoa de respeito, preparas bem o que deves dizer, por que não deverias agir assim, e com muito maior respeito ainda, quando te apresentas diante de Deus?
‘Não digas nada inconsideradamente, nem o teu coração se apresse a proferir palavras diante de Deus’ (Eclesiastes 5, 1).

II- Há dois modos de preparação para a oração: um próximo, outro remoto.
A preparação remota é a vida pura e mortificada. A pureza dispõe o intelecto, como espelho terso [limpo], a receber luz abundante de Deus. A mortificação dispõe a vontade, como um vaso vazio para receber abundantemente aqueles gozos espirituais que Deus nega a quem não lhe sacrifica os prazeres dos sentidos.
A preparação próxima é retirar-se, recolher-se, é preestabelecer o que se quer pedir a Deus, como ensinam os Santos. É especialmente a esse respeito que adverte o Autor Sagrado: ‘Antes da oração, prepara a tua alma e não sejas como quem tenta a Deus’.
Não é, por ventura, tentar a Deus pôr-te em oração, como uma barca sem piloto, sem leme, sem equipamento, se faz ao mar, ao capricho e à mercê dos ventos? E se o vento não soprar? Tu pretendes que o vento sopre justamente na direção que desejas!
Queres obrigar a Deus a fazer um milagre! Procura descobrir qual o defeito que mais te domina, qual é a dívida que mais te obriga, e dirige a oração em tal sentido. Como te enganarias não fazendo esse estudo contínuo sobre ti mesmo!
‘Não te envergonhes de conservar-te justo até a morte’ (Ecles. 18, 22). E, imediatamente depois destas palavras, vêm as da meditação de hoje: ‘Antes da oração, prepara a tua alma’ — como que indicando que tanto deverás preparar-te para a oração quando poderá ainda durar a luta da tua justificação [salvação eterna].

III- Pode acontecer de pensar que estás sempre preparado para a oração, e então não tens necessidade do conselho que estamos meditando. Procura, então, que a tua disposição seja real, como a crês.
Há alguns que na oração estão duros e imóveis como pedras, sem fazer nada. Certamente que poderemos estar prontos continuamente para esse tipo de oração. Contudo, podes estar satisfeito com isso?
Na oração deves chegar a exercitar, como fizeram os Santos, todas as suas potências em honra de Deus. Se não és daqueles poucos que têm sempre o coração aceso de amor atual para com o Senhor, deves apresentar ao teu coração alguma coisa para despertá-lo, para pôr-te em oração porque a oração não consiste no hábito, mas no ato.
O texto que tu meditas é exigente. Quer que vás rezar evitando que sejas daqueles que parecem tentar a Deus. Portanto, exige que sejam usados todos os meios idôneos para evitart isso. E parece-te que em certa medida não queiras tentar a Deus, quando te apresentas diante dEle sem teres pensado nem mesmo uma mínima coisa de quanto deves tratar com Ele? Dirás que basta pdir-lhe alguma coisa em geral? Todavia, Jesus não te ensinou a fazer assim.
De fato, o cego de Jericó Lhe tinha gritado em termos gerais: ‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim’ (Mc 10, 47). Entretanto, Cristo convidou-o a descer ao particular, perguntando-lhe: ‘Que queres que eu te faça?’ (ib.). Assim nos ensinou a expor as nossas necessidades do modo mais preciso.
‘Mestre, que eu veja”’ (Ib.).

IV- É, pois, claro que antes de pôr-te em oração, deves ter idéias claras e bem estabelecidas acerca do sentido e do fim de tua oração. Isso não tira a liberdade de variar, no decurso da oração, as tuas petições, quando se apresentam a ocasião e a inspiração. O Autor sagrado quer só que ‘não sejas como quem tenta a Deus’.
Dois são os excessos em matéria de oração: não fixar-se nenhum fim, quando vais rezar; ou fixar-se algo com tanta rigidez que disso não te apartes, tolhendo-te toda liberdade. Devem evitar-se os dois extremos.
Pode também acontecer que, mesmo sem nenhuma preparação, a oração te saia bem. Contudo, certamente te sairia muito melhor se te preparasses para ela convenientemente. Os remédios podem às vezes fazer bem, mesmo quando tomados ao acaso. No entanto, afinal de contas, os que são deveras salutares são aqueles que são tomados com método: ‘A ciência do médico exaltará a sua cabeça’ (Ecli 38, 3).


(TEMAS BÍBLICOS PARA A MEDITAÇÃO DE TODOS OS DIAS – Padre Paulo SÉGNERI, SJ, Coleção ‘MANÁ DA ALMA’, Vol. XII, Dezembro; Edições Paulinas, São Paulo, 1964, p. 5-7 – Título original LA MANNA DELL’ANIMA, Vol. XII — Tradução do Prof. Euclides Carneiro da Silva e do Padre Lucas A. Caravina)

Maria Santíssima : Imune de toda mancha do pecado original

As palavras do Papa durante o Angelus pela Festa da Imaculada

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011(ZENIT.org) – Às 12 de hoje, Solenidade da Imaculada Conceição da Beata Virgem Maria, o Santo Padre Bento XVI se aproximou da janela de seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos na Praça de São Pedro.

Estas são as palavras do Papa na introdução da oração mariana:

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje a Igreja celebra solenemente a Imaculada Conceição de Maria. Como declarou o Beato Pio IX, em sua Carta Apostólica Ineffabilis Deus de 1854, Ela "foi preservada, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade, imune de toda mancha do pecado original." Esta verdade de fé está contida nas palavras de saudação do Arcanjo Gabriel: "Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo" (Lc1, 28).

A expressão "cheia de graça" indica a obra maravilhosa de Deus, que quis nos devolver a ida e a liberdade, perdidas pelo pecado, por meio de Seu Filho Unigênito encarnado, morto e ressuscitado.

Portanto, desde o século II, no Oriente e Ocidente, a Igreja invoca e celebra a Virgem que, com seu "sim", aproximou o Céu da terra, tornando-se "geradora de Deus e nutriz de nossas vidas", como expressa São Romano na melodia de um antigo canto (Canticum Mariae Virginis XXVem Nativitatem B.,no JB Pitra, Analecta Sacra t. I, Paris 1876, 198).

No século VII São Sofrônio de Jerusalém elogia a grandeza de Maria, porque Nela o Espírito Santo fez morada, “Tu exerce toda a magnificência dos dons que Deus jamais ofereceu a qualquer pessoa humana. Mais que tudo, és rica da presença de Deus que mora em ti”. (Oratio II, 25 in SS. Deiparæ Annuntiationem: PG 87, 3, 3248 AB). E São Beda, o Venerável, explica: "Maria é bendita entre as mulheres, porque com a dignidade da virgindade encontrou a graça de ser geradora de um filho que é Deus" (Hom I, 3: CCL 122, 16).

Também a nós é dada a "plenitude de graça" que devemos fazer resplandecer em nossas vidas, porque "o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo - escreve São Paulo – que nos abençoou com toda bênção espiritual... e nos acolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis... predestinou para sermos adotados como filhos (Ef 1,3-5). "Esta filiação recebemos através da Igreja, no dia do Batismo. A este respeito, Santa Hildegard de Bingen escreve: "A Igreja é, portanto, a mãe virgem de todos os cristãos. Na força secreta do Espírito Santo os concebe e os dá a luz, oferecendo-os a Deus de maneira que sejam também chamados filhos de Deus” (Scivias, visio III, 12: CCL Continuatio Mediævalis XLIII, 1978, 142).

Entre muitos cantores da beleza espiritual da Mãe de Deus, está São Bernardo de Claraval, que afirma que a invocação "Ave Maria cheia de graça" é "agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, devido à maternidade, aos Anjos graças a virgindade, a Deus graças a humildade "(Sermo xlvii, De Annuntiatione Dominica: SBO VI, 1, Roma 1970, 266).

Queridos amigos, esperando cumprir nesta tarde, como é habitual, a homenagem a Maria Imaculada na Piazza di Spagna, dirijamos nossa oração fervorosa àquela que intercede a Deus por nós, para que nos ajude a celebrar com fé o Natal do Senhor que se aproxima.

(Tradução:MEM)

Inquisição

EM CIMA DO MURO

Havia um grande muro separando dois grandes grupos. De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais de Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os humanos que não servem a Deus.
E em cima do muro havia um jovem indeciso, que havia sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida
se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo.

O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:
- Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!
Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada.
Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:
- O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles.
Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?
Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:

- É PORQUE O MURO É MEU.

Nunca se esqueça:
Não existe meio termo.
O muro já tem dono.

Papai Noel existiu?

A imagem do Papai Noel, o gordo e sorridente velhinho que traz presentes às crianças boas no dia de Natal, teve sua origem na história de São Nicolau.

Nicolau nasceu em uma antiga província da Ásia Menor, no século IV. A capital, Mira, estava perto do mar (hoje, para o sudoeste da Turquia) e foi uma sede episcopal. Nicolau foi escolhido bispo deste lugar e, em seguida, tornou-se famoso pela sua extraordinária devoção. Ele foi preso por defender sua fé durante a perseguição de Diocleciano. Suas relíquias estão na cidade de Bari, Itália.

Existem muitas lendas que falam da vida deste santo:

É dito que ele era herdeiro de uma fortuna, que ele se dedicou a ajudar os pobres que ele conhecia. Nicolauficou feliz ajudando os outros, especialmente os pobres e escravos. Foi bom, generoso e tinha um ótimo senso de humor.

Em uma ocasião, o chefe da guarda romana da época, chamado Marcos, queria vender como escravo um menino muito pequeno chamado Adrian e Nicolau o impediu.

Em outra ocasião, Marco queria pegar algumas meninas, se o pai não pagasse uma dívida. Nicolau soube do problema e decidiu ajudar. Tomou três sacos de ouro na véspera de Natal, em plena escuridão, chegou à casa e jogou os sacos pela chaminé, salvando assim as meninas.

Marco queria acabar com a fé cristã, mandou queimar todas as igrejas e prender todos os cristãos que não iria renunciar a sua fé. É assim que Nicolau foi detido e preso.

Quando o Imperador Constantino, convertido à fé católica, libertou todos os cristãos e Nicolau era velho. Quando ele saiu da prisão, ele estava barbudo e vestindo suas roupas brancas e vermelhas, que se distinguiu como um bispo. No entanto, os longos anos de prisão não ter sua gentileza e bom humor.


Os cristãos da Alemanha tomaram a história dos três sacos de ouro fundido pela chaminé no dia de Natal e a imagem de Nicolau ao sair da cadeia, para tecer a história de Papai Noel, sorridente, gordinho velhinho, vestido de vermelho, desce pela chaminé no dia de Natal de presentes às crianças boas.


O nome do Papai Noel vem da evolução gradual do nome de São Nicolau: St. Nicklauss, St. Nick, St. Klauss, Santa Claus, o Papai Noel.


MEDITAÇÃO DE SANTO AFONSO - SOBRE O JUÍZO E O INFERNO

Sobre o Juízo

1.Considera que, logo que a alma tenha saído do corpo, será conduzida ao tribunal de Deus para ser julgada.O Juiz é um Deus Onipotente, ultrajado por ti, e sumamente irado.Os acusadores são os demônios, teus inimigos; o processo teus próprios pecados; a sentença é inapelável; a pena é o inferno.Ali não há companheiros, nem parentes, nem amigos; a causa será resolvida entre Deus e a tua alma.Então compreenderás a hediondez de teus pecados, e não poderás ser tão indulgente com eles, como agora o és.Responderá por teus pecados de pensamentos, palavras, obras, omissão, escândalo, respeitos humanos: tudo se há de pesar naquela grande balança da justiça divina, e se fores encontrado réu de culpa grave, uma só que seja, estarás perdido.Meu Jesus e meu Juiz, perdoai-me antes de me fazer comparecer em vosso tribunal!.

2.Considera que a justiça divina há de julgar a todos os homens no vale de Josaphat, quando no fim do mundo ressuscitar os corpos para receberem juntamente com as almas prêmio ou castigo, segundo os seus méritos.

Reflete que, se te condenares, tornarás a unir-te a este mesmo corpo, que servirá de prisão eterna á tua alma desgraçada.Naquele encontro desagradável a alma amaldiçoará o corpo, e o corpo por sua vez amaldiçoará a alma; de maneira que a alma e o corpo, que agora correm de mãos dadas em busca de prazeres lícitos, unir-se-ão, em que lhes pese, depois da morte, para ser verdugos um do outro.Ao contrário, se te salvares, esse teu corpo ressuscitará formosíssimo, impassível e resplandecente; e assim irás, em corpo e alma, gozar d vida bem-aventurada.Tal será o fim da cena deste mundo!Afundar-se-ão no nada todas as grandezas, prazeres e pompas mundanas.Tudo acabará: só ficarão as duas eternidades, uma de glória e outra de pena, uma ditosa e outra infeliz, uma de gozos, e outra de tormentos: no céu os justos, no inferno os pecadores.Desgraçado então o que tenha feito do mundo o seu ídolo, e pelos prazeres miseráveis desta terra tenha perdido tudo, alma, corpo, bem-aventurança e Deus!.

3.Considera a sentença eterna.O Juiz eterno, Jesus Cristo, voltar-se-á primeiro contra os réprobos, a quem dirás: "Ingratos, tudo se acabou para vós!Chegou a minha hora, hora de verdade e justiça, hora de indignação e vingança!Criminosos, amastes a maldição; caia sobre vós: sede malditos na eternidade: ide para o fogo eterno, privados de todos os bens e sob o peso de todos os males".Em seguida voltar-se-á para os escolhidos e dirá: "Vinde vós, meus filhos queridos, vinde possuir o reino dos céus, que vos está preparado.Vinde não já para levar a cruz em pós de Mim, mas para partilhar da minha coroa.Vinde como herdeiros de minhas riquezas e companheiros de minha glória.Vinde cantar eternamente minhas misericórdias.Vinde da terra do exílio á pátria, da miséria ao gozo, das lágrimas á alegria, do sofrimento ao descanso eterno".Meu Jesus, eu espero ser também um destes filhos afortunados.Amo-Vos sobre todas as coisas, abençoai-me desde este momento, e abençoai-me também vós, ó Maria minha querida Mãe!.

Fruto I.Farei todas as minhas ações como se devesse comparecer, na ocasião em que as executar, perante o tribunal divino a dar conta delas.

Fruto II.Exercitar-me-ei em obras de misericórdia espirituais e corporais, porque ao que as praticar prometeu Deus uma benção eterna no dia do juízo.


MEDITAÇÃO SOBRE O INFERNO


1.Considera que o inferno é uma prisão hedionda, cheia de fogo.Neste fogo estão submersos os condenados.Neste abismo de fogo que os rodeia por todos os lados, têm chamas na boca, nos olhos, em todas as partes do corpo.Cada sentido tem seu sofrimento próprio: os olhos são atormentados pelo fumo e pelas trevas, e horrorizados pela vista dos outros condenados e dos demônios; os ouvidos ouvem dia e noite contínuos clamores, prantos e blasfêmias.O olfato é atormentado pelo cheiro nauseabundo daqueles inumeráveis corpos corrompidos, e o paladar por ardentíssima sede e fome insaciável sem poder obter uma gota de água nem uma migalha de pão.Por isso aqueles encarcerados infelizes, abrasados pela sede, devorados pelo fogo, torturados por toda a espécie de sofrimentos, choram, clamam, desesperam-se; mas não há nem haverá quem os alivie e console.Ó inferno, inferno!Quantos há que se recusam a crer em ti até o momento em que caem em teus abismos!E tu, querido leitor, que dizes?Se houvesses de morrer agora, para onde irias?Tu, que não podes suportar o ardor de uma centelha de fogo que te salta á mão, poderás estar em um abismo de fogo que te abrase, abandonado de todos por toda a eternidade e sem lenitivo algum?


2.Considera em seguida a pena que tocará ás potências da alma.A memória será sempre atormentada pelos remorsos da consciência.Tal é aquele verme que sem cessar roerá o condenado ao pensar que se perdeu voluntariamente e por um prazer envenenado.Ó Deus!Como avaliará então aqueles momentos de prazer, depois de cem, depois de mil milhões de anos no inferno?Este verme recordar-lhe-á o tempo que Deus lhe deu para expiar suas culpas, os meios que lhe proporcionou para salvar-se, os bons exemplos dos companheiros, os propósitos feitos mas ineficazes.Então verá que já não há remédio para a sua eterna ruína.Ó Deus!Ó Deus!E como estes pensamentos agravarão o seu penar!A vontade estará sempre contrariada: nunca alcançará coisa alguma do que deseja, e sempre terá o que aborrece, isto é, todos os tormentos.O entendimento conhecerá o bem enorme que perdeu: a bem-aventurança e Deus.Meu Deus!meu Deus! Perdoai-me pelo amor de Jesus Cristo, vosso Filho.

3.Pecador, a quem por agora é indiferente perder o céu e perder a Deus, quando vires os bem-aventurados triunfarem e gozarem no reino dos céus, então tu, qual animal hediondo, serás excluídos daquela pátria ditosa e privado da visão beatífica de Deus, da companhia de Maria Santíssima, dos Anjos e dos Santos; conhecerá, ai!Tua espantosa cegueira, e dirás desesperado:"Ó Paraíso de eternas delícias: Ó Deus! Ó bem infinito! Já não sois nem jamais sereis meus! Desgraçado de mim!..." Eia, meu irmão, faze penitência, muda de vida, não te guardes para quando o tempo te faltar.Entrega-te a Deus, principia a amá-lo deverás.

Roga a Jesus, roga a Maria Santíssima que tenham piedade de ti.

Fruto I.Descontarei com alguma mortificação as penas que no inferno tenho merecido.

Fruto II.Quando experimentar algum dissabor, incomodo ou dor, direi a mim mesmo: "Lembra-te que tens merecido cair, e devias ser precipitado no inferno", e tudo sofrerei com paciência.