O Salvador estava vestido como os Galileus.
As vestimentas de Nosso Senhor constavam das seguintes peças: véu sobre a cabeça (kouffich), que era de uso invariável entre os seus compatriotas e que o clima tornava indispensável, sobretudo em viagem, para resguardar a cabeça e o pescoço. O véu era preso na frente por cordões. Este ornato ainda se usa no Oriente.
Calção, que os judeus traziam em torno dos rins.
Túnica sem costuras, de cor parda avermelhada, feita de lã de camelo, e que era usada junto ao corpo, como si fosse camisa, descendo até aos tornozelos, e assemelhando-se á blusa moderna, pelas mangas curtas, até ao meio dos braços. Sem costura, ou com malhas (intervalo entre os fios), significa indiferentemente túnica ou roupa de baixo, isto é, camisa. O termo chiton, de S. João, deve ser precisado pelo contexto. Ora, este, especificando que se tratava de uma veste de malha, coloca-o, por esse mesmo fato, na categoria das vestes subtraídas às vistas.
Vestimenta exterior sobreposta á túnica. Esta vestimenta assemelha-se á batina que hoje os sacerdotes usam.
Cinta, larga, passada muitas vezes em torno da cintura, e que servia para guardar certos objetos.
Manto, que os judeus, e, em particular, os que eram consagrados de um modo especial ao culto de Deus, tinham o habito de usar. Era um amplo pano quadrado, composto de quatro peças. A cintura servia também para levantar e apertar em torno dos rins esse manto, quando se queria caminhar. O manto servia para preservar o corpo das intempéries e envolve-lo durante o sono. Em cada canto dessa vestimenta estava cosido um pedaço de seda azul, que devia lembrar aos judeus a estada no Egito, e, além disso, uma borla, composta de nós, que pelo numero representam as quatro letras do nome de Jahve, segundo sua pronuncia verdadeira. Essas quatro letras eram o iva, o hé, o vau e o hé. (Deut. XX, n. 12).
Sandálias e Cajado. -
E' provável que Nosso Senhor usasse, em certos atos, a «capa de profeta», em vez de manto, como se vê na Est. I . Essa capa era formada por um largo pano. Cabido sobre as costas, e preso no pescoço por um colchete. O traje de Cristo não importava menos á cristandade das idades futuras do que aos contemporâneos, pela lembrança de sua pessoa, destinada a perpetuar-se pela imagem. Ora, em falta de semelhança averiguada nos traços, era preciso que, ao menos, tivéssemos o desenho das vestes do Salvador.
— Durante a Paixão, Jesus esteve vestido como acima (menos o véu sobre a cabeça), desde que foi preso até que foi apresentado a Pilatos (exceto no tempo em que esteve na prisão, no tribunal de Caifhás, onde ficou só com a túnica). Depois da apresentação a Pilatos até sua condenação, esteve vestido com a túnica. De Herodes para Pilatos, sobrepuseram á túnica um saco branco, por escárnio; depois da flagelação.o manto escarlate (chlamyde) e a coroa de espinhos. Em seguida á condenação, foram repostas as suas vestes, que conservou até ao crucificamento, sendo então retiradas e ficando provavelmente o calção até a descida da Cruz.
COR DAS V E S T I M E N T A S - Os primeiros pintores representavam Jesus com a túnica inconsútil, a qual tinha a cor parda avermelhada.
Dai concluíram alguns, sem razão, que Jesus usasse, ordinariamente, uma veste vermelha; e, como sabiam que havia azul em suas vestes (nos cantos do manto), ajuntaram á veste vermelha de Cristo o manto azul. Isso é, entretanto, inexato. Jesus vestia-se de branco, símbolo da inocência e da luz, e não de vermelho, que era considerado entre os judeus como o símbolo do pecado. Isaias pergunta: Por que estão assim vermelhas as tuas vestes ? E o Senhor lhe responde: Aspergiram sobre mim o sangue dos homens. Eis por que estão vermelhas as minhas vestes. No seio do eterno Pai, nos esplendores dos Santos, Jesus tinha por vestimenta a claridade de sua gloria divina. «Amictus lumine sicut vestimenta».
No alto do Thabor, Jesus suspende, por instantes, o véu que ocultava sua divindade e deixa-se ver, resplandecente como o sol, com as vestes da alvura deslumbrante da neve. «Vestimenta ejus facta sunt alba sicut nix».
Entre os Judeus, Typhon, símbolo do mal, tinha a cor vermelha. Em toda a historia judaica, vê-se esta cor considerada como emblema do pecado.
Na cerimônia do bode emissário, para a expiação solene das faltas.do povo, o grande sacerdote amarrava no pescoço do bode uma longa faixa vermelha. Refere-se que, sob o pontificado de Simão, o Justo, essa faixa vermelha aparecia sempre branca, o que era., segundo pensavam, um favor assinalado do céu; porque ela significava, pela cor branca, que Deus concedia ao povo a remissão de suas faltas; enquanto, com os outros grandes sacrificadores, a faixa aparecia, ora branca, ora vermelha.
Lembravam-se então do que dissera Isaias, fazendo alusão á significação simbólica do vermelho:
«Quando vossos pecados fossem como o escarlate, seriam embranquecidos como a neve, quando fossem vermelhos como a púrpura, tornar-se-iam como a lã».
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