MANSIDÃO COM OS PECADORES
(SÃO FRANCISCO DE SALES)
CAPÍTULOS XV E XVI DO LIVRO X DA OBRA: "TRATADO DO AMOR DE DEUS" ou "TEÓTIMO", DE SÃO FRANCISCO DE SALES, BISPO E DOUTOR DA IGREJA
CAPÍTULO XV: AVISOS PARA A DIREÇÃO DO SANTO ZELO
Visto ser o zelo um ardor e veemência de amor, precisa ser prudentemente conduzido, do contrário violaria os termos da modéstia e da discrição; não, de certo, que o divino amor, por mais veemente que seja, possa ser excessivo em si mesmo, nem nos movimentos ou inclinações que dá aos espíritos; mas, por isso que ele emprega na execução dos seus projetos o intelecto, ordenando-lhe procurar os meios de os fazer sair bem, e a ousadia ou cólera para vencer as dificuldades que encontra, mui frequentemente sucede que o intelecto propõe e faz tomar caminhos demasiado ásperos e violentos, e que, sendo a cólera ou audácia uma vez movida, e não se podendo conter dentro dos limites da razão, arrebata o coração na desordem, de sorte que por esse meio o zelo é exercido indiscreta e desregradamente, o que o torna mau e censurável.
Davi enviou Joab com seu exército contra o seu desleal e rebelde filho Absalão, proibindo-lhe sobre todas as coisas tocar nele, e ordenando que, em quaisquer circunstâncias se tivesse o cuidado de salvá-lo. Mas, estando em obra, Joab, encandecido na demanda da vitória, com sua própria mão matou o pobre Absalão, sem ter em consideração nada do que o rei lhe dissera.
Assim também o zelo emprega a cólera contra o mal, e ordena-lhe sempre mui expressamente que, destruindo a iniqüidade e o pecado, salve, se possível, o pecador e o iníquo.
Porém, estando uma vez em ímpeto, como um cavalo teimoso e capricoso, desembesta, carrega o homem para fora da estrada, e não pára jamais, enquanto durar-lhe o fôlego.
Aquele bom pai de família que Nosso Senhor descreve no Evangelho bem conheceu que os servos ardentes e violentos costumam ultrapassar a intenção do seu amo, porquanto, oferecendo-se-lhes os seus para irem limpar o campo, a fim de arrancar dele o joio, ele lhes disse: "Não, não o quero, com medo de que porventura com o joio arranqueis também o trigo" (Mat 13, 28-29).
De certo, Teótimo, a cólera é um servo que, sendo poderoso, corajoso e grande empreendedor, faz também a princípio muito bom trabalho; mas é tão ardente, tão irrequieto, tão inconsiderado e impetuoso, que não faz nenhum bem sem que, ordinariamente, faça ao mesmo tempo vários males.
Ora, diz a nossa gente dos campos que não é bom negócio ter pavões em casa; porque, embora eles cacem as aranhas e livrem delas a casa, todavia estragam tanto as coberturas e o teto, que a sua utilidade não é comparável ao estrago que eles fazem.
A cólera é um socorro dado pela natureza à razão, e empregado pela Graça a serviço do zelo para a execução dos seus desígnios, porém socorro perigoso e pouco desejável; pois, se ela [a cólera] vem forte, torna-se senhora, derrubando a autoridade da razão e as leis amorosas do zelo. E, se vem fraca, não faz nada que o simples zelo não fizesse sozinho, sem ela; e sempre ela nos mantêm num justo receio de que, reforçando-se, se apodere do coração e do zelo, submetendo-os à sua tirania, tal como um fogo artificial que, num momento, abrasa um edifício, e a gente não sabe como apagá-lo. Ora, é um ato de desespero pôr numa praça de guerra um socorro estranho que, a qualquer momento, pode tornar-se o mais forte.
O amor-próprio engana-nos muito, exercendo as suas próprias paixões sob o nome de zelo.
Outrora o zelo serviu-se alguma vez da cólera; e agora, em compensação, a cólera serve-se do nome de zelo, para, sob ele, manter a coberto o seu desregramento ignominioso. Ora, eu digo que ela se serve do nome de zelo, porque não saberia servir-se do zelo em si mesmo, visto ser próprio de todas as virtudes, e sobretudo da caridade, da qual o zelo é uma dependência, ser tão boa que ninguém pode abusar dela.
Um pecador famoso veio um dia lançar-se aos pés de um bom e digno sacerdote, protestando com muita submissão vir achar o remédio de seus males, isto é, para receber a santa absolvição de suas faltas. Um certo monge chamado Demófilo, achando, no seu entender, que aquele pobre penitente se aproximava demais do santo altar, entrou em cólera tão violenta que, precipitando-se sobre ele a grandes pontapés, expulsou-o e enxotou-o dali, injuriando ultrajantemente o bom do sacerdote que, consoante o seu dever, docemente acolhera aquele pobre penitente; depois, o referido monge, correndo ao altar, tirou dele as coisas santíssimas que ali estavam e carregou-as, com medo, como queria fazer crer, de que pela aproximação do pecador o lugar houvesse sido profanado.
Ora, tendo feito essa bela façanha de 'zelo', ele não ficou nisso, mas festejou-a grandemente junto ao grande São Dionísio Areopagita, através de uma carta que lhe escreveu sobre isso, da qual recebeu uma resposta digna do espírito apostólico de que era animado essa grande discípulo de São Paulo. Pois São Dionísio lhe fez ver que o seu zelo fôra indiscreto, imprudente e impudente conjuntamente, visto que, embora o zelo devido à honra das coisas santas seja bom e louvável, todavia fôra praticado contra toda razão, sem consideração nem julgamento algum, dado que ele empregara os pontapés, os ultrajes, injúrias e exprobações num lugar, numa ocasião, e contra pessoas, a quem devia honrar, amar e respeitar; de modo que este zelo não podia ser bom, exercido como era com tamanha desordem. Mas nessa mesma resposta São Dionísio relata outro exemplo admirável de um grande zelo procedente de uma alma muito boa, estragada todavia e viciada pelo excesso da cólera:
Um pagão seduzira e fizera voltar à idolatria um cristão recém-convertido à Fé. Carpo, homem eminente em pureza e santidade de vida, e que, provavelmente, era o bispo de Candia, concebeu por isso tamanha cólera como jamais sofrera tal, e deixou-se arrastar tanto por essa paixão que, levantando-se à meia-noite para rezar como era seu costume, concluiu consigo mesmo não ser razoável que os homens ímpios vivessem mais, e rogava à Justiça Divina que matasse com um raio aqueles dois pecadores juntos, o pagão sedutor e o cristão seduzido.
Vede, porém, Teótimo, o que Deus fez para corrigir a aspereza da paixão de que o pobre Carpo estava dominado.
Primeiramente, fez-lhe ver, como a outro Santo Estevão, o Céu todo aberto, e Jesus Cristo Nosso Senhor sentado num grande trono, rodeado por uma multidão de Anjos que Lhe assistiam; depois ele viu em baixo a terra aberta como um horrível e vasto abismo, e os dois desviados, a quem ele desejara tanto mal, à beira desse precipício, trêmulos e quase desmaiados de pavor, por estarem prestes a cair lá dentro, empurrados ainda de um lado por uma multidão de serpentes que, saindo do abismo, se lhes enroscavam nas pernas e com as caudas lhes faziam cócegas e os provocavam à queda; e, do outro lado, por certos homens que os empurravam e batiam para os fazerem cair, de modo que eles estavam ao ponto de serem tragados por aquele precipício.
Ora, considerai, rogo-vos, Teótimo, a violência da paixão de Carpo. Porque, conforme ele mesmo contou depois a São Dionísio, ele não fazia caso de contemplar Nosso Senhor e os Anjos que se mostravam no Céu, tanto prazer achava em ver em baixo a angústia daqueles dois míseros maus, incomodando-se apenas do fato de eles demorarem tanto a perecer, e queria empurrá-los ele mesmo, e não o podendo logo, irritava-se com isso e maldizia, até que enfim, levantando os olhos ao Céu, viu o meigo e mui compassivo Salvador que, por uma extrema piedade e compaixão do que se passava, se levantou do Seu trono e, descendo até o lugar onde estavam aqueles dois pobres miseráveis, lhes estendeu Sua mão, ao mesmo tempo que os Anjos também, uns de um lado, outros doutro, os retinham para impedi-los de caírem naquele tremendo abismo; e, por conclusão, o amável e bondoso Jesus, dirigindo-se ao colérico Carpo, diz: "Olha, Carpo, bate agora em mim; pois estou pronto a padecer mais uma vez para salvar os homens; e isto me seria agradável, se pudesse suceder sem o pecado de outros homens. Porém, ademais, reflete o que te seria melhor: estar neste abismo com as serpentes, ou ficar com os Anjos, que são tão grandes amigos dos homens".
Teótimo, o santo homem Carpo tinha razão de entrar em zelo por aqueles dois homens, e o seu zelo excitara justamente a cólera contra eles; porém, uma vez movida, a cólera deixara a razão e o zelo para trás, ultrapassando as fronteiras e limites do santo amor, e, por conseguinte, do zelo, que é o fervor deste. Mudara o ódio do pecado em ódio do pecador, e a dulcíssima caridade em furiosa crueldade.
Assim há pessoas que pensam que não se possa ter muito zelo se não se tem muita cólera, achando não poderem acomodar coisa alguma sem estragarem tudo, conquanto, ao contrário, o verdadeiro zelo quase nunca se serve da cólera; porque, assim como não se aplica o ferro e o fogo aos doentes senão quando não se pode fazer de outro modo, assim também o santo zelo não emprega a cólera senão nas extremas necessidades.
CAPÍTULO XVI:
QUE O EXEMPLO DE VÁRIOS SANTOS, QUE PARECEM TER EXERCIDO O SEU ZELO COM CÓLERA, NÃO PREVALECE CONTRA O AVISO DO CAPÍTULO PRECEDENTE
Verdade é, por certo, meu amigo Teótimo, que Moisés, Finéias, Elias, Matatias e vários grandes servos de Deus se serviram da cólera para exercer o seu zelo em muitas ocasiões assinaladas; mas rogo-vos queirais notar que eram também grandes personagens, que sabiam manejar bem as suas paixões e dominar a sua cólera, semelhantes àquele bravo capitão do Evangelho que "dizia aos seus soldados: Ide, e eles iam; Vinde, e eles vinham" (Mat 8,9).
Mas nós outros, que somos quase todos certa gentinha, não temos tanto poder assim sobre os nossos movimentos: o nosso cavalo não é tão bem adestrado que o possamos impelir e fazer parar segundo nosso querer.
Os cães sabidos e bem ensinados avançam ou voltam, conforme o caçador lhes fala; porém, os cães novos, aprendizes, desgarram-se e são desobedientes.
Os grandes Santos, que tornaram prudentes as suas paixões à força de mortificá-las pelo exercício das virtudes, podem também virar sua cólera em qualquer direção, lançá-la e puxá-la, como bem lhes parecer.
Mas nós outros, que temos paixões indômitas, jovens, ou pelo menos mal ensinadas, não podemos soltar a nossa ira senão com risco de muita desordem; porque, estando ela uma vez em campo, já não se
pode retê-la nem submetê-la como seria necessário.
Falando àquele Demófilo que queria dar o nome de zelo à sua raiva e fúria, São Dionísio diz:
"Aquele que quer corrigir os outros deve primeiramente ter o cuidado de impedir que a cólera desbanque a razão do império e domínio que Deus lhe deu sobre a alma, acabando por excitar uma revolta, sedição e confusão em nós mesmos. De maneira que não aprovamos as vossas impetuosidades suscitadas por um zelo indiscreto, ainda quando mil vezes repetísseis Finéias e Elias: pois tais palavras não agradaram a Jesus Cristo qaundo Lhe foram ditas por Seus discípulos, que ainda não haviam participado daquele espírito manso e benigno".
Finéias, Teótimo, vendo um infeliz israelita ofender a Deus com uma moabita, matou-os a ambos.
Elias predissera a morte de Ocosias, que, indignado com essa predição, enviou dois capitães, um após o outro, cada um com cinqüenta soldados, para prendê-lo, e o homem de Deus fez descer fogo do céu que os devorou.
Ora, um dia em que passava pela Samaria, Nosso Senhor enviou discípulos a uma cidade para ali Lhe arranjarem pousada; mas os habitantes, sabendo que Nosso Senhor era judeu de nação, e que ia para Jerusalém, não quiseram alojá-lO. Vendo isso, São João e São Tiago disseram a Nosso Senhor: "Quereis que mandemos ao fogo do céu que desça e os consuma?" E Nosso Senhor, voltando-se para eles, repreendeu-os dizendo: "Não sabeis de que espírito sois. O Filho do homem não veio para perder as almas, mas para salvá-las" (Lc 9, 54ss).
É isso, pois, Teótimo, que São Dionísio quer dizer a Demófilo, que alegava o exemplo de Finéias e de Elias: pois São João e São Tiago, que queriam imitar Elias em fazer descer fogo do céu sobre os homens, foram repre
endidos por Nosso Senhor, que lhes queria fazer entender que o Seu espírito e o Seu zelo, dele Nosso Senhor, era doce, bondoso e gracioso; que Ele não empregava a indignação e a cólera senão raríssimamente, quando não havia mais esperança de poder aproveitar de outro modo.
Estando São Tomás de Aquino, este grande astro da teologia, doente da doença de que morreu no mosteiro cisterciense de Fossanuova, pediram-lhe os religiosos fazer-lhes uma breve exposição do sagrado Cântico dos Cânticos, à imitação de São Bernardo. E ele lhes respondeu: "Meus caros padres, dai-me o espírito de São Bernardo, e interpretarei esse divino cântico como São Bernardo".
Assim também, por certo, se nos disserem, a nós pequenos cristãos, miseráveis, imperfeitos e mesquinhos: 'Servi-vos da ira e da indignação no vosso zelo, como Finéias, Elias, Matatias, São Pedro e São Paulo', devemos responder: 'Dai-nos o espírito de perfeição e de puro zelo, com a luz interior desses grandes Santos, e animar-nos-emos de cólera como eles'.
Nem a todos pertence o saber encolerizar-se quando preciso e como preciso.
Esses grandes Santos eram inspirados por Deus imediatamente, e portanto podiam, sem perigo, empregar bem a sua cólera; pois o mesmo Espírito que os animava a essas façanhas segurava também as rédeas da sua justa cólera, a fim de que esta não ultrapassasse os limites que Ele lhes prefixara.
Uma ira que é inspirada ou excitada pelo Espírito Santo já não é a ira do homem; e é da ira de homem que é preciso fugir, visto que, como diz o glorioso São Tiago, ela não opera a justiça de Deus (Tg 1, 20).
E, efetivamente, quando aqueles grandes servos de Deus empregaram a cólera, era para ocorrências tão solenes e crimes tão excessivos, que não havia perigo nenhum de exceder a culpa pela pena.
Pelo fato de uma vez o grande Paulo chamar aos gálatas de "insensatos", representar aos creten
ses as suas más inclinações, e resistir em face ao glorioso São Pedro, seu superior, dever-se-á tomar a licença de injuriar os pecadores, censurar as nações, fiscalizar e censurar os nossos condutores e prelados?
Certamente, cada um não é São Paulo, para saber fazer as coisas oportunamente...
Mas os espíritos azedos, mal humorados, presunçosos e maldizentes, servindo às suas más inclinações, maus humores, aversões e presunções, querem cobrir a sua injustiça com o manto do zelo, e cada um, sob o nome desse fogo sagrado, deixa-se abrasar por suas próprias paixões.
O zelo da salvação das almas faz desejar a prelatura - ao que diz tal ambicioso; faz correr para cá e para lá o monge destinado ao coro - ao que diz tal espírito inquieto; leva a fazer rudes censuras e murmurações contra os prelados da Igreja e contra os príncipes temporais - ao que diz tal arrogante.
Só se fala de zelo e não se vê zelo, mas apenas maledicências, cóleras, ódios, invejas e inquietações do espírito e da língua.
Pode-se praticar o zelo de três modos:
Primeiramente, fazendo grandes ações de justiça para repelir o mal, e só pertence aos que têm ofício público de corrigir, censurar e repreender em qualidade de superiores, como os príncipes, magistrados, prelados, pregadores; mas, por ser respeitável, cada qual quer se meter nele.
Em segundo lugar, usa-se do zelo fazendo grandes ações de virtude, para dar bom exemplo, sugerindo os remédios para o mal, exortando a empregá-los, operando o bem oposto ao mal que se deseja exterminar; coisa esta que pertence a cada um, e não obstante pouca gente a quer fazer.
Enfim, exerce-se o zelo muito excelentemente sofrendo e padecendo muito para impedir e desviar o mal - e quase ninguém quer esta espécie de zelo.
O zelo especioso é ambicionado, e é aquele em que cada um quer empregar o seu talento, sem reparar em que não é o zelo o que aí se procura, e sim a glória e o saciamento da presunção, da cólera, da mágoa e de outras paixões.
Certamente, o zelo de Nosso Senhor manifestou-se principalmente em morrer Ele na Cruz para destruir a morte e o pecado dos homens; coisa em que Ele foi sumamente imitado por aquele admirável vaso de eleição e de dileção [São Paulo] (At 9, 15), como o representa o grande São Gregório Nazianzeno em palavras douradas; pois, falando desse santo Apóstolo, diz: "Ele combate por todos, derrama orações por todos, é apaixonado até o ciúme para com todos, inflama-se por todos; antes mesmo, ousou mais do que isso por seus irmãos segundo a carne; de sorte que, para eu mesmo dizer isto muito ousadamente, por caridade ele deseja que eles sejam postos no lugar dele junto a Jesus Cristo (Rm 9, 3). Ó excelência de coragem e de incrível fervor de espírito! Ele imita Jesus Cristo, que "por nós foi feito maldição, que tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou as nossas dores" (Gl 3, 13; Mat 8, 17), ou, falando eu mais sobriamente, em primeiro depois do Salvador, Paulo não recusa sofrer e ser reputado ímpio por causa deles".
Portanto, Teótimo, assim como Nosso Senhor foi açoitado, condenado, crucificado na qualidade de homem votado, destinado e dedicado a carregar e suportar os opróbrios, ignomínias e punições devidas a todos os pecadores do mundo, e a servir de sacrifício geral pelo pecado, tendo sido feito como que anátema, separado e abandonado de Seu Pai Eterno, assim também, segundo São Gregório Nazianzeno, o glorioso Apóstolo São Paulo desejou ser coberto de ignomínia, crucificado, separado, abandonado e sacrificado pelo pecado dos judeus, a fim de suportar por eles o anátema e a pena que eles mereciam. (...)
Oh! diz Santo Ambrósio, como é feliz aquele que sabe a disciplina do zelo!
Facilimamente, diz São Bernardo, o diabo zombará do teu zelo, se desprezares a ciência.
Seja, pois, teu zelo inflamado de caridade, embelezado de ciência, robustecido de constância.
O verdadeiro zelo é filho da caridade, pois é o ardor dela; e é por isso que ele, como ela, é paciente, benigno, sem perturbação, sem contendas, sem ódio, sem inveja, alegrando-se com a verdade (1 Cor 13, 4-6).
O ardor do verdadeiro zelo é semelhante ao do caçador, que é diligente, cuidadoso, ativo, laborioso, e muito afeiçoado à procura, mas sem cólera, sem ira, sem perturbação; pois, se o trabalho dos caçadores fosse colérico, iracundo, desgostoso, não seria tão amado nem desejado.
E do mesmo modo o verdadeiro zelo tem ardores extremos, mas constantes, firmes, suaves, laboriosos, igualmente amáveis e infatigáveis; muito pelo contrário, o falso zelo é turbulento, brigão, insolente, arrogante, colérico, passageiro, igualmente impetuoso e inconstante.
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