Senhora,
Apesar que deva morrer por um aresto assinado de vosso punho, não penseis que morro vossa inimiga.
Pertenço a uma religião que me ensina a sofrer com paciência todos os males do mundo, como a vossa vos permite de os fazer impunemente.
Bem que eu seja condenada como criminosa, nem por isso deixo de ser inocente. Não serei decapitada por ter querido arrancar-vos a vida, mas por ter cingido uma coroa que vós cobiçáveis.
A fé que fez orar São Paulo por Nero, me faz também orar por vós.
Além de que, uma Rainha legitima não é digna da ira d'uma Rainha que recebeu o cetro da justiça e do nascimento.
Talvez esta linguagem vos ofenda; mas condenada à morte, que tenho eu que receiar ? Meu suplicio, que vós olhais como ignominioso, porá o cumulo à minha glória.
Não penseis que me imolastes impunemente; lembrai-vos que um dia sereis julgada assim como eu.
Longe de desejar ver-me vingada, ainda que esta vingança fosse justa, ter-me-hei ao contrario por muito feliz, se a morte temporal que vou sofrer pudesse conduzir-vos ao caminho d'aquela vida que ha de durar tanto como a eternidade.
Adeus, Senhora, lembrai-vos que a corôa é um bem muito perigoso, pois fez perder a vida a vossa prima.
Eu não conhecia esta carta. Muito bom.
ResponderExcluirObrigado por ter feito este artigo.